Eu xinguei a balança de tudo quanto é nome. Comentei com minha esposa: "Aquela balança da Drogaria Nacional só pode tá doida". Minha esposa bem que desconfiava daqueles registros inoportunos.
– Calma, amor. Calma. Eu também sempre achei estranho. Por isso só peso na Gran Farma.
Para minha infelicidade, ainda na manhã daquele sábado, decidiram que tínhamos que comprar maiô, biquíni, um calção para o gorducho aqui. Aquelas compras em que a gente tem que atravessar a cidade.
– Que tal a gente aproveitar e comprar uma balança?! Aí você tira a diferença e não fica mais xingando a coitada da balança da farmácia.
Passei a compra inteira ansioso para chegar logo em casa e tirar a prova dos nove. Ao abrir a caixa do tal aparelho, percebemos que precisamos de pilhas. Cadê pilha? E procura em um cômodo e revira gaveta e vai para estante, atrás do controle da televisão. "Achei", gritou a filha mais velha. Mas era apenas o par. A balança precisa de três.
– Amor, vamos almoçar. Depois você providencia as pilhas. Vamos se não a comida vai esfriar.
"Nada disso. Eu vou saber a diferença e é agora". No supermercado Pedra Azul as pilhas evaporaram com os brinquedos do Natal. A moça da padaria disse "essa pilha-palito só vai chegar na próxima segunda-feira. Por ironia da raiva e da fome onde fui parar novamente? Lá tinha a bendita pilha. Na saída, subi na balança pela última vez. E o resultado foi: 98.2 kg.
A essa hora a comida já estava fria. Estava tremendo. Minha esposa foi quem colocou as pilhas na bichinha. Arranquei o chinelo, o relógio, celular do bolso, repeti todos os gestos de minutos antes e para minha infelicidade: 98.2 kg!
O primeiro almoço mais lento do ano. A comida estava uma delícia, mas sobremesa? Nem pensar. O lance agora é pensar em quais alimentos vão fazer parte de uma nova dieta. Porque nunca vi alguém para engordar com tanta felicidade assim. Será que é por isso que as balanças me odeiam? Agora, com uma morando aqui em casa, vou procurar ser mais gentil. A gente vai se entender.
... farelos por aí ...
03 de janeiro de 2021
Acordei muito cedo, às 02h41. Cedo demais para calçar o tênis e subir para a pista. O primeiro treino do ano não deveria correr tanto risco. Virei para o lado e continuei a dormir.
Às 07h17 eu estava com toda disposição na Cidade de Minas. Na corrida, voltar à estaca zero significa caminhar, caminhar até adquirir o ritmo dos trotes e voltar a correr. Estou nessa fase, conforme consta no perfil, ao final deste post:
A primeira batalha é correr os primeiros 5 km!
Ao voltar da padaria, subi na balança e ficou comprovado: meu retorno aos exercícios físicos é urgente. Está difícil de acreditar, à beira dos 100 kg.
Perfil:
Distância: 5,24 km
Pace médio: 10:01
Tempo: 52,34
02 de janeiro de 2021
... farelos por aí ...
É o último dia do ano! E o que mais quero é escrever, produzir, ao longo dos próximos 365 dias. A hora de publicar mais livros chegará e estaremos todos preparados para este momento.
A leitura e a escrita assídua serão de grande relevância
também para o retorno às ruas. Ou melhor, às corridas de rua.
Porque uma das lições que aprendemos neste ano foi:
recomeçar é essencial!
Prova desse recomeço é que vou digitar agora um conto que escrevi em homenagem ao escritor Mia Couto, lá em dezembro de 2019.
Tenho
um profundo respeito pelo templo de amadurecimento das narrativas, em especial , o tempo dos
contos.
Um forte abraço,
... farelos por aí ...
Qual leitor nunca
desejou ter mais tempo para exercer sua paixão?
Confesso-lhe que só fico totalmente disponível aos livros assim no período das férias escolares.
Neste ano distinto, buscando fixar as experiências do
vivido e do sonhado, organizei uma dieta literária. Semelhante às recomendações
das três frutas pelos nutricionistas, estou me alimentando de pelo menos três
gêneros: poema, conto e ficção.
Sinceramente não imagino o resultado. Só tenho certeza de
que, no mínimo, está fazendo muito bem para minhas relações neurais. O cérebro está ficando biruta com os trilhos
que venho encontrando.
Oh, também não quero lhe prometer nada quanto aos números, tudo bem?
... farelos por aí ...
Há semana retirei o açúcar do café. Algumas mudanças já
sinto no cheiro, a qualidade do pó, é outro paladar.
Por enquanto tudo no lugar, pois minha esposa não se importa em adoçar sua xícara do amargoso-energia.
Para comemorar a conquista desses sete dias, vou
presentear nossa cozinha com um açucareiro daqueles bem finos. Assim, quem
sabe, quando for me visitar vai lembrar desta página de diário.
Ah, está no caminho do retiro o abençoado refrigerante,
aquele líquido que é o açúcar em gotas. Não o trato como o vilão. Todos os
alimentos são sagrados. O problema está com quem vos escreve. Sou
descontrolado, às vezes, obsessivo.
Por que, então, não mudar o ângulo para ingestão de água,
a prática dos exercícios físicos e o consumo de elementos mais saudáveis?
... farelos por aí ...
Não consigo parar de escrever
diariamente. Não falo da escrita das crônicas semanais, dos contos eventuais ou
dos capítulos das novelas juvenis que componho.
Falo da escrita em si, sem adjetivos,
com propostas distintas. Agora entendo o porquê de há sete anos ter passado 365
dias escrevendo de forma ininterrupta.
Seria isso uma maldição? A última coisa
com que me importo nessa vertigem é com os leitores. Perdoe-me, caso você tenha
lido esse texto por um acaso na rede. Fique à vontade para comentar o que
quiser.
A verdade é que sempre escrevemos para
nós mesmos. A gente escreve porque não suporta tantas ideias tomando conta de nossas
vidas. É para se livrar das impressões, dos horrores que não contamos para
ninguém. A novela que escrevo agora é para deixar de me aborrecer com uma
pessoa próxima. Vou escrever para esquecer essa pessoa ou aceitar que ela nos
ame de um modo assim diferenciado. Sei lá...
Gosto de escrever e tenho consciência de
que esse ofício por mais insignificante que seja oferece risco, aprendi com o
poeta Armando Pereira Filhos:
“Ao escrever, estamos sempre muito perto do fogo”.
...
farelos por aí ...
Ando
exausto. Um professor em dúvida sobre a ceia de Natal e as aulas de despedida
nos dias 21 e 22 de dezembro, com Conselho de Classe agendado para o penúltimo dia
do ano. É a real....
Antes
disso, reunião com a equipe de um Sistema de Ensino no sábado pela manhã. Não
reclamo, é só o cansaço de todos os profissionais da Educação, mas que ninguém
tem a coragem de mencionar, de falar. Com você, eu tenho.
Como
leu no início da semana, caro D, a rotina do lar foi para os ares com o teste positivo
da Covid-19. Está lembrado? Dificilmente vamos esquecer esse episódio.
Muitos
dos companheiros foram desligados da empresa, logo do início da semana. Essa
notícia mexeu com todo o corpo docente, abalando-o. Dói.
No
blog rolou a publicação de narrativas da série “Banquete dos sentidos”, uma
entrevista com o músico Marcus Vinícius de Souza e mais recentemente a “Migalha
de quinta”.
Agora,
o corpo quer voltar para a rua. O corpo está pedindo a corrida, a caminhada já
não me satisfaz, não dá conta de vencer a barriga. E a bichinha está esticando
em uma proporção considerável.
É
preciso também retomar as leituras sistemáticas e ... o mais urgente: escrever.
Estou envolvido com uma narrativa breve que há uns nove meses vem arrancando
uns calafrios, tessitura de arames, muitos espinhos na língua das feras que
terão que cuspir enzona.
Assim
que rolar algum progresso em uma desses verbos – Ler / Escrever / Correr (LEC)
– volto aqui para compartilhar. Darei um tempo
para o excesso da rede, inclusive para os posts com fotos.
Precisamos
respirar os ares da 5ª Estação.
...
farelos por aí ...







