Era a manhã de 8
de dezembro de 2019. Lá estava eu: ansioso, temeroso, inseguro. Enfrentaria a
Volta Internacional da Pampulha, e já com alguns percalços.
Percalços? Sim.
Não dormi bem na noite anterior, pois fui para a cama tarde. O sábado havia
sido dedicado à comemoração do aniversário triplo das mulheres da minha vida.
Na manhã daquele
sábado, durante os preparativos da festa, o bico de uma garrafa PET de
Coca-Cola pulou desajeitado no meu dedão direito. O freezer estava
bagunçado, e meu pé levou a pior. Coitado!
Tudo parecia
conspirar para dar errado naquele calor sufocante de dezembro. Não havia sol,
mas o mormaço nos fazia sentir como se estivéssemos sobre brasas.
Nos primeiros
três quilômetros, estava muito difícil desenvolver o ritmo. O rio de gente era
quase um convite à caminhada. Lá pelo oitavo quilômetro, bateu a lembrança da
dor aguda no dedão atingido pela garrafa de dois litros.
Depois do pórtico
dos 10 km, comecei a aumentar o ritmo, mesmo sentindo muita dor. E eis que
surge um anjo, desses que compartilham palavras de incentivo; ora com humor,
ora com diversão. Eles sabem transformar a pista em festa.
Eu disse
"anjo" porque, pela voz, reconheci o moço. Júlio é educador
financeiro e havia ministrado uma palestra em uma das escolas onde eu
trabalhava.
De repente,
começamos a trocar ideias. Assim que descobriu que aquela era minha estreia,
ele me aconselhou: "Então, professor, pode economizar energia. É melhor
diminuir o ritmo e guardar fôlego para o final. Você vai precisar na rampa do
Mineirão."
Eu disse
"anjo" porque ele simplesmente poderia ter continuado na velocidade
dele. O moço estava na sexta ou oitava Volta; tinha experiência de sobra, mas
decidiu apoiar-me.
Quando descobriu
o que me levou a estar ali, ficou mais empolgado ainda. Parecia que o desafio
era dele. Faltando poucos quilômetros, a dor havia cessado. Com a prosa, um
filme de mais de um ano se desenrolou em minha mente. Era o gás que eu
precisava para encarar os últimos duzentos metros.
Com o dedo
inchado, o rosto vermelho como um pimentão, e dores em todas as partes do
corpo, venci o primeiro grande Desafio da minha vida: completar a Volta
Internacional da Pampulha.
Não que o tempo
fosse importante, mas quis deixar registrado: corri os 18 km em 02h20. Após
agradecer ao Júlio pela força, lembro-me de gravar um vídeo para o Instagram e
voltar para casa muito contente.
Missão cumprida.
O primeiro passo estava dado.
.png)
0 Kommentare:
Postar um comentário