Para João Eustáquio - BH Run
A manhã já nascia com sabor de pressa e erro.
Saí em disparada. Quando menos esperei, a constatação
gelada:
Putz! O relógio da corrida ficou para trás. O gadget
que registra o exercício!
Para completar a sinfonia do desastre, no desespero de sair
rápido, acabei amarrando o tênis um pouco mais apertado.
Ainda bem que só fui sentir a pontada de incômodo e a
leve dormência lá pelas tantas voltas do treino.
Quase finalizando o percurso, veio o golpe de misericórdia. Um apito no celular: bateria esgotando. Quinze, quatorze, treze... Antes da tela se apagar, deu tempo de registrar a atividade feita até ali. Ufa! Um sopro de vitória em meio ao caos.
"Santo dos Corredores! Santo dos Atletas Amadores!",
implorei mentalmente: "Que minha manhã finalize bem e que a tarde e a
noite sejam, por favor, melhores!"
Porque, até aquele ponto, a impressão que ficava era que
eu nem deveria ter saído para a rua. Aquele era um dia de cama e silêncio.
Ao retornar, a mulher ouviu tudo, do recado perdido ao
tênis apertado, com a atenção de quem conhece os tropeços do cotidiano. E
arrematou com a sabedoria que só ela tem:
"Verdade! Não era para você ter calçado o tênis. O
universo acenou para você ficar. Mas NÃO... você foi lá, contra todos os
imprevistos e descuidos, e treinou. E é isso que importa."
Depois dessa conversa, meu dia não apenas melhorou: foi
salvo.

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