21 de julho de 2022

 

Querida Amanda Ribeiro,


há três semanas venho, de alguma forma, me preparando para este momento. Por conta de tantos insights, os reels não foram suficientes... (mas a gente vai continuar lendo seus versos por lá, viu?)


o lance é que sua Máquina dispara muitos flashes e a gente sai criando cenas e séries e vem o desejo de fazer um filme, será que você entende?


o percurso pelos “cômodos preferidos” (imagine duas personagens escolhendo o cantinho favorito do lar), um close naquele presente-lembrete, o bilhete do “bolso na calçada”, ao ritmo do jazz, hein?;


e a poeta ali costurando a distância, apresentando aos espectadores a instância ... em versos inquietos livres que nem abelha zunando  por tudo quanto é parte da Floresta, beira e centro da cidade, memórias; o instante da palavra aqui-acolá na cozinha, banho, quartos, na “casa de estar”. A essa altura, sua cameragirl ficando louca:


– Tudo isso tá aí no livro? Como vamos gravar esse filme?


– Fique calma, menina. A verdade é de que de cinema quem entende mesmo é a Amanda Ribeiro, a compositora desses cantos.


– E o que você vai fazer?


– Aquilo que mais nos aproxima das entrelinhas do labirinto da poesia.


– Já entendi, pai. Quando você vem com essas paradas de estrelinhas... Só não sei se ela vai curtir.


Isso eu também não posso afirmar, mas em segredo aqui (Amanda, a Cecília estava falando das leituras do seu mais recente livro naquele Caderno Azul, lembra?)

Agora, minha amiga, você reconhece: só sei dizer com palavras, primeiramente nas linhas do tal brochura, de formato 140mm x 200 mm, 96 hojas; depois no horizonte das antigas fichas pautadas e, posteriormente, aqui no blog.


Outra revelação: escrevo-lhe da cozinha, após duas xícaras de café. E você não imagina o quanto estou contente com a leitura de seus poemas, a satisfação, surpresa em cada esquina dos seus temas: o amor, a paixão, o ir-vir-e-o-devir da epopeia sempre à disposição cotidiano e que só as poetas e as cronistas captam (você).


Que maravilha ... quão mágico é ser recebido nas três portas da sua casa-livro! As epígrafes nos acolhem com tanto carinho que acabam espalhando a vontade de a gente explorar cada cômodo no ritmo das estações do ano. Queremos ficar!


Pode lhe parecer um pouco confuso, mas com o elegante parafuso de suas minúsculas na cadência gostosa das vírgulas – tudo flui e evolui – os leitores vão sempre se encontrar no fuso de sua poética; do olhar para o céu, deitadas em “repouso”, aos mil pastéis de queijo na pastelândia, seus versos nos abrem janelas para o “infinito ... particular”.   


ATENÇÃO! ATENÇÃO! Com este ensaio malucão, acabamos de receber uma notificação: Ao ficar ciente do interesse em gravar um curta-metragem, a editora Peirópolis informa:


“Máquina de costurar concreto”, de Amanda Ribeiro, compõe a “Biblioteca Madrinha Lua”, coleção de poesia contemporânea inspirada numa das mais importantes poetas brasileiras do século XX, a mineira Henriqueta Lisboa (1901 – 1985). Este projeto é coordenado pela professora e escritora Ana Elisa Ribeiro. 


 




Há quase vinte e seis semanas não escrevo uma daquelas migalhas. Com isso, as narrativas foram se desenrolando apenas nas páginas da minha cabeça. 


Só que chega um momento em que as memórias precisam tomar d'água, precisam disparar uns suspiros contra os ritmos da velocidade. 


Porque há a velocidade que traz o atropelo das ações mecânicas, na planilha do vazio. Dessa velocidade, tenho trilhado distância. 


E na contramão desse cotidiano veloz, a redescoberta: a leitura e a escrita ora me desviam para a parede da memória; ora para o catálogo das preces. 


Nesses lugares, eu preciso da escrita como as ideias precisam se vestir para o enredo das histórias invisíveis, ainda não publicadas.


 ... farelos por aí ... 

 

Queria ir embora pra Pasárgada
Assim como Manuel disse ir pra lá
Queria ir embora pra Pasárgada
Onde a existência é aventura
Ele é amigo do Rei
E eu serei um novo alguém

Queria ir embora pra Pasárgada
Lá tem aves a cantar
Mulheres a cortejar
Queria ir embora pra Pasárgada
Lá não há espaço pra me matar
Ou até mesmo pensar em me matar

Quero ir embora pra Pasárgada
Aqui o peito dói
E a chuva cai sob meu olhar
Quero ir embora
Pra onde não tenha dor
Quero ir embora
Talvez não para Pasárgada

Quero ir embora
Quero ir
Pra um lugar onde penso em descansar

Scout

O poema e o desenho são de Scout, estudante da 3ª Série do Ensino Médio.  A composição dos versos foi realizada, após o contato com a obra Libertinagem, de Manuel Bandeira. 


 



A aplicação de provas sempre representou clima de tensão. Há muitos fatores em cena: desde o preparo até a necessidade da nota positiva.

 

Após o retorno ao ensino presencial, por conta da pandemia dos últimos 24 meses, esse quadro se tornou ainda mais explícito. Só quem está diretamente conectado ao universo da sala de aula compreende o que os professores e alunos estão enfrentam. 

 

No meio de tudo isso encontrei um sim, um pedido que, frequentemente, afina o tom das canções de um mundo melhor, inclusive, com menos guerra e discórdias.

 

“Acabei a prova. Posso pegar meu livro na mochila?”   

 

Enquanto os outros colegas não terminam a avaliação, esses outros estudantes aproveitam o tempo para se desconectar deste mundo. Percorrem estradas de enredos empolgantes. Ficção científica, romance policial, fantasia, aquele que inspirou a série, o outro que se passa na Idade Média, um que tanto amo. 

 

Livros! 

 

Até hoje não tive coragem de falar com esses leitores do pós-prova. Talvez por falta de tempo. Também não conheço alguém que tenha escrito sobre esse momento breve na vida dos leitores.

 

Mas chegou a hora! Aos leitores que aproveitam todos os tempos e templos para seu exercício, meu sincero abraço.

...




Era o meio do atendimento. A vendedora consultava o preço um preço para mim, quando atrás do monitor, ele apareceu:


– Com licença, minha senhora...


Confesso que o que veio depois não ficou na memória. Fiquei estático. O que pode ou deveria parecer uma simples abordagem, aos meus olhos, foi MAG-NÍ-FI-CO.


O nome daquele cliente, de poucas palavras, mas gestos nobres, é Roberto. A mãe dele, que estava na estante vizinha foi quem nos contou. Eu e a vendedora ficamos encantados com a educação do Roberto.


Roberto conta apenas com dez anos... e é um leitor voraz e o Brasil precisa de mais meninos assim. Você não acha?






Contagem, 17 de março de 2022 


OLÁ, querido leitor, querida leitora! 

 

Espero te encontrar bem, estudando muito para as provas, realizando todas as tarefas do Para Casa. Graças a Deus, não posso reclamar da vida; pois tenho os leitores mais fofos do mundo: VOCÊ e seus colegas do CAOB. 


A professora Marílhia B. vai até ficar com ciúme, depois de ler isto: a vontade é de sair daqui agora, de avião ou helicóptero,  pousar pertinho colégio e passar uma manhã inteira conversando com vocês. Já pensou nisso? Ah, a professora Marílhia ia dizer assim: 


"Ah, Alfredo, nada de ficar querendo meus alunos. Você já  tem os seus pra lá". Só de pensar na cena, começo a rir aqui sozinho na frente do computador. 


MAS eu estou rindo mesmo é de ansiedade, viu?! Não vejo a hora de a gente se conhecer pessoalmente. Nossa! Será lá no mês de abril ... ainda! Vamos torcer para esse dia chegar logo, não é mesmo?


Você também está ansioso(a) para esse dia?! 


Você deve estar se perguntando assim: por que o Alfredo está assim tão serelepe hoje; não é mesmo? 


Porque já sei qual é o personagem favorito dos leitores de "Um estranho para o céu"; porque eu não imaginava que o "Garimpo das bolhas de sabão" fosse mexer tanto com os leitores do CAOB. Porque, depois de ler todos os comentários aqui do blog, fiquei morrendo de vontade de responder um por um; mas eu não daria conta. A solução?


Escrever esta terceira carta ... e acredito que será a última, antes do nosso encontro. Ah não ser que aconteça de eu receber um outro montão de comentários. Vai que acontece.


Se você chegou até aqui, terá sugestões especiais: 


Para quem leu ou está lendo "Um estranho para o céu", pegue o livro novamente: esqueça a a parte verbal e preste atenção somente na ilustração, do início ao fim. Que outras histórias poderiam ser contadas somente a partir dos desenhos do artista Walter Lara? Você sabia que ele é meu amigo? 


Agora, se por um acaso, você estiver lendo o "Garimpo das bolhas de sabão", uma dica de leitura: procure o texto que você mais gostou. Agora, leia-o em voz alta e tente imaginar em que lugar se passa história. Como é esse lugar? Para que lugar essa história te leva? 


E uma última pergunta para todos os leitores: você sabia que há uma música especial para garimpar bolhas de sabão? 


Mas isso é outra história....


Abs,

... farelos por aí..



 

Belo Horizonte, 08 de março de 2022

 .

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.

OLÁ! Espero que você esteja bem, querido(a) leitor(a)! Diferente da nossa primeira carta, dessa vez escrevo no final da tarde e aqui está bem quente.


Não sei se você está sabendo, mas eu recebi um montão de cartas aqui no blog. Muitas e muitas perguntas, curiosidades e montão de comentários legais. Como demoraria muito tempo para responder um por um, resolvi escrever esta segunda carta.


Não sei se foi a sua, mas a pergunta que mais recebi foi: “Que desafio foi esse que sua filha Cecília te fez?”


Está preparado(a) para saber? Então, vamos lá!


Certa vez, lá pelo ano de 2018, eu estava voltando da escola de carro com a Cecília. Passando em uma parte da Lagoa da Pampulha, comentei assim: “Nossa, filha, um dia eu quero correr a volta da Lagoa da Pampulha.”


Na hora, essa menina deu uma baita gargalhada, a danadinha nem disfarçou. Ela teve a coragem de falar assim: “Eu duvido que você vá conseguir, pai. Você é tão fracote.”


Nessa hora, eu me senti um bichinho desses pequeninos, respirei fundo e falei: “Ah, é? Quer dizer que não consigo correr os 18 km da Lagoa da Pampulha?”


A menina sorriu e sentiu que eu não estava para brincadeira. Na hora que ela percebeu que eu falei sério, soltou a seguinte frase: “Então, eu te desafio!”


Corri os primeiros 05 km ainda em 2018. Início de 2019, machuquei o joelho. E você pensa que desisti? Depois corri 08, 10, 12, 16 até chegar dezembro daquele ano e vencer o desafio, com mais de 15 mil pessoas. Aquele dia foi inesquecível.


Agora que contei um segredinho, é a sua vez!


Se você leu ou está lendo “Um estranho para o céu”, responda-me: De qual personagem você mais gostou? Por quê?


Se você está lendo o “Garimpo das bolhas de sabão”, qual foi o texto que mais chamou sua atenção? Por quê?


Um forte abraço,

Alfredo Lima

 ... farelos por aí ...


Meu pai começou o dia ouvindo Bach. Quando isso rola, tá pegando algum lance grave aí.


O coroa só ouve Sebastian Bach em situações extremas: êxtase, dor, alegria ou revolta. Não importa, desde que seja muito expressivo.

Pelo volume do som, imagino que o homem vive alguma parada bem sinistra, tá ligado?

Pode parecer loucura, mas o povo aqui se comunica por meio da música.

Agora, por exemplo, o coroa está lá em baixo, no porão, quase terminando a playlist só de Bach. Até o final do dia vai nos contar o que aconteceu.

Com o papai, aprendemos que o melhor momento pode ser encontrado entre a música e o silêncio.

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farelos por aí ...
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