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1) Nosso foco é a leitura literária. Diante disso, não recebemos doações de:


📖 livros didáticos, técnicos, teóricos,

📖 catálogos, enciclopédias (Barsa / Delta)

📖 apostilas de cursinhos preparatórios, colégios, etc


Por que não recebemos esses materiais? 


Primeiro, como mencionado acima, nosso projeto é de incentivo à leitura de obras literárias. 


Segundo, não temos ambientes adequados para armazenar esses materiais que, geralmente, ocupam muito espaço.


2) Quais livros/materiais o Instituto recebe? 

Livros literários de diferentes gêneros: 

romance,
conto,
crônica,
poesia,
letra de música 
biografia

Nós também recebemos revistas de Histórias em Quadrinhos. 

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Um pouco antes das 09h, corri ao sacolão. E lá, exatamente no caixa, uma garota roubou a cena.

 

A pedido da mãe, ela pegou o pacote da promoção, completando as compras. Voltou para a fila, retirou o cartão de uma pequena bolsa, informou que o pagamento seria no débito.

  

A mãe, toda orgulhosa da atitude da pequena, acompanhava todo o processo. Os clientes pararam para assistir à desenvoltura daquela garotinha nos seus 07 anos.

 

– Meus parabéns! Você é muito esperta!

 

– Muita obrigada! Eu que cuido das finanças da minha mãe.

 

Todos os clientes riram e elas saíram carregando as sacolas.

 

Eu ainda nem tinha feito o pagamento da minha pequena compra, quando ouvi:

 

– Moço! Moço! Eu te conheço!

 

Nesse tempo com máscaras, vira e mexe a gente acaba não reconhecendo alguns moradores da quebrada. Acontece.

 

– Você é o moço dos livros! Eu estudei teatro com sua mulher.

 

De fato, eu não me recordava. Parece que a pandemia já dura uma década. A gente se perde ou perdeu. Não é mesmo?  

 

Assim que se reapresentou, ativei todas as suas atuações no palco e nos bastidores da Cena. Por alguns segundos, um enredo se desenrolou nas páginas da minha memória.

 

A menina contou que mudou de casa, está morando em um apartamento agora. Ao final, passou o novo número do telefone da mãe, que aguardava no outro lado do passeio.

 

– Quando começar o teatro você pede a professora para ligar para minha mãe?

 

– Claro!

 

– Promete mesmo, moço?

 

Aquela antiga aluna mudou o ritmo do meu dia. Aquela menina, provavelmente não sabe, mas no início daquela manhã trouxe um feixe de luz para toda família. Ela foi o assunto do dia, tema especial para essa crônica com tinta de recomeço.   

 ...

 


Página 16

Para encarar o próximo mar, resolvi escrever um pouco sobre o que me atrai ou talvez mais sobre aquilo que me distrai.


Descobri recentemente que há elos inesquecíveis do meu outro eu no corpo presente.   


E por que dessa insistência em juntar os elos desconhecidos da minha pessoa? Essas partes querem se conhecer e a única forma de urdir as lacunas, colar as pelas é escrevendo.


A vida tem ateado tanto caos. Pensar tem sido pretexto para não existir.

 

Página 25

Queria que a decadência fosse um quadro gigantesco. Um quadro pintado por todos os sobreviventes deste tempo.


Quem sabe assim, pintando as fraquezas, dúvidas, dívidas e derrotas, a gente não se sentiria mais HUMANO?  

Página 34

Exposição da cicatriz, da falta, é o que defendo no momento. Eu cansei da vida cheia de filtros, contornos, impulsionada pelo gesto mecânico, vazio, da pressa dos ângulos editáveis do mercado.  


Por que no meio de tantas mentiras ser sensato virou motivo para descrédito, repulsa e cancelamento?


Qualquer linha mais substantiva da arte provoca reações catastróficas: “Isso vai causar mimi!” Nossa! Esse tema está pesado demais! Aí você foi brabo”, entre outras expressões passageiras da superfície.

Em que mundo sobrevive esse povo? Quer dizer que a arte só pode ser leve? Eis o templo das gourmetização, do romantismo que só agrada a maioria. E nesse rolo de desinformações, de valores esquizofrênicos o que gera status, escala negócios é o pacote das ilusões:  vida fácil, dinheiro fácil, fama a qualquer custo.


Só o resultado importa?

Página 52

Posso estar enganado, mas sinto que este tempo implora por um pouco mais de expressões sinceras, por manifestos pela união de todas as classes, credos; carece de protestos pelo direito à vida digna... de todos!


Ou posso apenas estar muito enganado mais uma vez. Você também está se sentindo assim... na contramão dos extremos?

 

Série de textos: Caderno Azul


... farelos por aí ...

Como se explicar a relação com a escrita nesses tempos?

Tudo que vai lê nas próximas linhas não passa de uma série de insucessos sobre aquilo que tinge a página, tela.  


Às vezes as palavras apenas surgem como tinta, em cores que ainda não foram nomeadas, dispostas na paleta de um pintor expressionista.


Escrevo para me despertar de sonhos intranquilos da noite imprecisa que se estende por muitas semanas.


Escrevo para voltar à superfície, frágil, mesmo deixando as raízes dos meus dilemas à mostra.

Cansei de fugir. Existir dói menos que pensar. Escrevo para encontrar uma gota de força na rua do reencontro. Escrevo porque preciso me reencontrar.  

  

Caderno Azul (p.7)

04 de julho de 2021

 

Se você está chegando agora neste espaço e não sabe quem é o Alfredo Lima, eu lhe recomendo ouvir o podcast acima. Trata-se de uma série de homenagens que o Paulo Fernandes do canal "Ler é criar asas" criou ao longo da última semana de maio de 2021.

... farelos por aí ... 


 


Queria ter vivido melhor,

porém a mediocridade sempre me foi farta

e generosa nos caminhos que escolhi para viver.

Queria ter sido mais alegre,

porém a tristeza sempre foi companheira fiel

nos dias intermináveis de abandono.

Queria ter amado mais as pessoas que conheci

ou que fingi conhecer,

porém, na maioria das vezes,

eu também não me conhecia.

Queria ter andado mais livre,

porém, algemado à ignorância, perdi muito

tempo tentando voar sem sequer saber andar.

Queria ter lido mais livros,

porém, analfabeto de ousadia, passei

muitos anos enxergando pelos olhos

adormecidos de outras pessoas.

Também queria ter escritos mais poemas

do que bilhetes pedindo desculpas,

porém as palavras sempre me vieram

como culpa e quase nunca como estrelas.

Queria ter roubado mais beijos e abraços

protegidas pela magia da infância,

porém cresci muito cedo e a timidez sempre

me foi uma lei muito severa a ser cumprida.

Queria ter pensado menos no futuro,

porém o passado simples

nunca foi o melhor presente

e a eternidade sempre me pareceu coisa de gente

que tem preguiça de viver.

Queria ter sido um homem mais humilde,

porém a vaidade e a ganância sempre

me cercaram de mimos e coisas que até hoje

Queria ter pregado mais a paz,

porém, como um covarde, gastei muita munição

tentando atingir amigos e desconhecidos

que não usavam coletes à prova de balas

nem blindados no coração.

Queria ter sido mais forte,

porém rir dos vencidos e bajular os mais ricos

sempre me pareceu o caminho mais curto

para o esconderijo secreto das minhas fraquezas.

Queria ter dito mais a verdade,

porém a mentira sempre foi moeda de troca

para comprar o respeito e a admiração

das pessoas fúteis de almas vazias.

Queria que o mundo fosse mais justo,

porém, avarento de nascença, fui o primeiro

a esconder o sol na palma da mão,

antes que o vizinho o fizesse,

e mesquinho por vocação

escondi as noites com lua

para que os poetas não a cortejassem.

Queria ter dito mais besteiras,

porém fui desses idiotas amantes

das proparoxítonas e sujeito oculto

nos bate­-papos de botecos de esquinas,

onde a vida não acontece por decreto.

Queria ter colhido mais flores,

porém o medo de espinhos

afugentou a primavera e,

outono que sempre fui,

plantei inverno quando a terra pedia verão.

Hoje, queria ter acordado mais cedo,

porém temo que, pra mim,

seja tarde demais.

 

Título: Porém

Fonte: O poema está no livro “Colecionador de pedras”, de Sérgio Vaz.

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