Este post é para os alunos da 1ª Série do Ensino Médio, lá do Colégio Santa Maria Minas Floresta, e para Cecília Lobo, responsável pelo voo daquela tarde.

 


Ao tratar da preocupação estética e da beleza do texto artístico-literário, pedi licença os alunos e “mandei” (pensei que estava num sarau, microfone aberto) um poema do livro “inflamáveis”, publicado pela Crivo.  

 


Era segunda-feira, um dia especial da minha semana. Após a leitura, o silêncio, o chat imóvel. Cheguei a pensar que o Teams havia "bugado".

 


Comecei a pensar que não deveria ter feito aquilo. Que ousadia essa de declamar uns versos assim tão urgentes em plena tarde de segunda-feira?

 


Aos poucos, eu fui lendo as palavras que piscavam como estrelas no box de mensagens. Os alunos acolheram os versos com uma atenção distinta, captaram os pingos de tinta que a poeta lançou às entrelinhas da História. 

 


Escolhi não discorrer sobre o poema, assim deixarei que você, leitor(a) possa fazer a sua leitura desses versos em voz alta e descrever suas impressões. O que acha?

 

 

Que você também possa sentir um pouco do que vivemos naquela tarde:

 


 loucas

 

Sou grata pelas mulheres

Que foram loucas antes

E assim pavimentaram caminhos

Para que eu fosse louca agora

Sou grata pelas mulheres

Que não se afogaram em normas

Que nos liberaram avenidas

Por onde desde então desfilamos

Sou grata pelas mulheres livres

Que me deixaram de herança

Ao menos algum tanto

De liberdade

Às que por ventura

Venham depois de mim

Desejo que sejam

Menos flor e mais espinho

Espero que recebam de mim

Algo de lindo e de luta

Espero findar deixando a elas

Olhos abertos, braços fortes

E a coragem do grito

 

LOBO, Cecília. Inflamáveis. Belo Horizonte: Crivo, 2019. p.46.

 

... farelos por aí ...  


Imagem e biografia da poeta disponíveis em: 

https://medium.com/revista-contexto/dois-poemas-de-cec%C3%ADlia-lobo-43fc5ac6c1b0




 


Após o almoço, simplesmente apago no meu quarto. Se não me acordarem, é perigoso meu sono ser o primeiro a encontrar a noite.

 

Quando não rola nenhuma viagem ou encontro do Clube do Vinho, arrasto-me até o banheiro, lavo a cara amassada, dou um trato nos grisalhos e, de dentes escovados, volto para o escritório.

 

Debaixo da mesa do computador, encontro nossa charmosa vira-lata. Charlotte odeia os imbecis que soltam fogos aleatórios. Vez ou outra, arrepia-se para a fuga dos belos retardados. Os fanáticos do futebol de domingo.

 

Uma das grandes vantagens dos dias de domingo é que ninguém nos incomoda. Ninguém nos grupos de WhatsApp. As redes sociais saem de cena (pelo menos a minha dá um tempo). Um momento ideal para ler, escrever, preparar as aulas. Preciosas horas para criar.

 

Calibro uma playlist dos anos 80, 90 e mergulho no universo dos hiperlinks, salto das plataformas. E aos poucos, vou esboçando os passos da semana que está a caminho.

 

Há tempos o domingo deixou de ser um dia de tédio na minha vida, mesmo tendo começado essa manhã derretendo acidentalmente uma tapawer da minha esposa.   

 

Dificilmente me chateio com os prenúncios da segunda-feira. Talvez porque esse seja o meu dia favorito da semana. Gosto de todos, mas a segunda tem um ritmo singular.  


“Bora trabalhar! Bora ser feliz!”


... farelos por aí ...

 



O assunto da aula era “Formas literárias”. Para provar que que a prosa é muito mais apreciada pelos leitores, de modo geral, fiz uma enquete para saber quem estava lendo uma obra literária no momento.

 

O número em cada uma das três turmas foi surpreendente, otimista para quem vive de literatura no Brasil, viu?! Ninguém lendo poesia, ilustre leitor(a); mas isso não é nenhuma novidade. Problema nenhum.

 

A surpresa surgiu com o título que uma aluna da 1ª Série está lendo: “Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra”, do Mia Couto. Putz! Nunca vi alguém com 15 anos lendo esse gigante da literatura moçambicana.

 

Ah, aí eu quis saber mais e descobri, entre outras coisas, que ouvir as pessoas falando de um livro que leu é uma das experiências mais ricas da minha vida.

 

O contato com a obra do Mia Couto surgiu em uma viagem de férias para a Bahia. Sem nada para ler, pois havia concluído a leitura dos outros títulos que separou para aquela temporada, quando sua mãe recomendou “Antes de nascer o mundo”. Nascia ali o interesse da jovem leitora pelo universo da prosa poética.  

 

No mesmo dia, só que outra turma, outra jovem leitora relatou a experiência de ler “A mulher na janela”, de A. J. Finn. Trata-se de um romance de suspense, mistério, uma trama muito envolvente inspirada na obra “Janela Indiscreta”, de Alfred Hitchcock.  Já dá para imaginar esse livro?

 

E, para fechar minha manhã, nessa profissão que costumo chamar de “professor de leituras”, uma terceira aluna pediu dicas de como engajar na leitura do romance “Memorial de Maria Moura”, de Rachel de Queiroz. Logo para quem ela foi pedir uma estratégia de leitura...


E aí? O que você achou dos títulos que minhas novas alunas estão lendo? 


Você ficou interessado(a) em ler algum desses livros? 


Deixe seu comentário, sua sugestão e até um próximo encontro sobre "Literatura". 


... farelos por aí ... 



Enquanto a primeira reunião do ano não começa, vai ver que são questões de ordem técnica, escrevo. Que fique registrado: nosso retorno letivo, no dia 1º de fevereiro de 2021, foi no Regime Letivo Remoto!



A vacina foi descoberta, porém, ainda só o quadro de funcionários da Saúde está sendo vacinado, por enquanto.  

 


No alto da tela, o título da fala que será ministrada por um dos diretores é “Esperançar”. Nesses minutos de atraso, penso em muitas coisas, inclusive, em ser grato pelo dom da vida.

 


“Faz escuro, mas eu canto”, título de uma das obras de Thiago de Mello, ilustra bem nosso percurso na Educação, no Brasil e no mundo. De fato, nós não paramos de caminhar.

 


Com a pandemia, perdemos entes queridos, perdemos bens materiais; mas que não percamos a ESPERANÇA. Não sei quem lê essas linhas, nem quando, entre perdas e ganhos ... registro a marca dos 97 quilos. Ultrapassei todas as estatísticas da balança, em toda minha vida. Um desafio.

 

Tenho consciência de que preciso fazer uma reeducação alimentar e todo o restante do combo para mudar esse quadro. Mas saber não basta, é preciso reagir, agir diante da situação.

 

Daqui pra frente não vou ficar tocando frequentemente nesse assunto. A última coisa que quero ser é um CHATO. Caso tenha interessa em se tornar seguidor deste blog, aqui você encontrará de tudo um pouco, no universo da Literatura. E sobre minha obesidade, escreverei em um tempo específico, já com data agendada.

 


Venha com o Farelo! Juntos vamos fazer ilustres descobertas

 


Bora lá!!!   



PS: Fomos recebidos com o músico Rubinho do Vale  

Ontem no quase noite, Cecília me chamou para ver o céu róseo. A Clarice quase tropeçou na rampa da garagem. Era sua primeira vez diante do céu aberto em cores indescritíveis. 
 

Longe de ser um fotógrafo, tenho um orgulho imenso de dizer que a foto deste post fui eu quem tirou. Se está duvidando, dê uma passeada lá no meu Instagram: @farelodequiat .
Lá você vai encontrar outras imagens do mesmo episódio.  


Efêmero e raro. Estar diante de uma beleza assim requer o estado da disponibilidade e do encantamento. 

SIM! Muitas pessoas na Grande BH fotografaram essa magnífica tela. E penso que, no lugar, de notícias desagradáveis, notícias falsas, a destilação do ódio que emerge da polarização política, deveríamos postar mais a Natureza na sua riqueza de sons, imagens, ritmos e tons.

É só  uma reflexão, pois ninguém vai ler esta página mesmo. 

... farelos por aí ... 

06 de janeiro de 2021 

 


Quer saber mesmo a verdade? A manhã de ontem me deixou muito puto da vida. Pelo menos está registrado na página deste diário. E que fique claro: a balança da farmácia me sacaneou de vez. 


Eu xinguei a balança de tudo quanto é nome. Comentei com minha esposa: "Aquela balança da Drogaria Nacional só pode tá doida". Minha esposa bem que desconfiava daqueles registros inoportunos. 


– Calma, amor. Calma. Eu também sempre achei estranho. Por isso só peso na Gran Farma.


Para minha infelicidade, ainda na manhã daquele sábado, decidiram que tínhamos que comprar maiô, biquíni, um calção para o gorducho aqui. Aquelas compras em que a gente tem que atravessar a cidade. 


– Que tal a gente aproveitar e comprar uma balança?! Aí você tira a diferença e não fica mais xingando a coitada da balança da farmácia. 


Passei a compra inteira ansioso para chegar logo em casa e tirar a prova dos nove. Ao abrir a caixa do tal aparelho, percebemos que precisamos de pilhas. Cadê pilha? E procura em um cômodo e revira gaveta e vai para estante, atrás do controle da televisão. "Achei", gritou a filha mais velha. Mas era apenas o par. A balança precisa de três.  


– Amor, vamos almoçar. Depois você providencia as pilhas. Vamos se não a comida vai esfriar.  


"Nada disso. Eu vou saber a diferença e é agora". No supermercado Pedra Azul as pilhas evaporaram com os brinquedos do Natal. A moça da padaria disse "essa pilha-palito só vai chegar na próxima segunda-feira. Por ironia da raiva e da fome onde fui parar novamente? Lá tinha a bendita pilha. Na saída, subi na balança pela última vez. E o resultado foi: 98.2 kg


A essa hora a comida já estava fria. Estava tremendo. Minha esposa foi quem colocou as pilhas na bichinha. Arranquei o chinelo, o relógio, celular do bolso, repeti todos os gestos de minutos antes e para minha infelicidade: 98.2 kg


O primeiro almoço mais lento do ano. A comida estava uma delícia, mas sobremesa? Nem pensar. O lance agora é pensar em quais alimentos vão fazer parte de uma nova dieta. Porque nunca vi alguém para engordar com tanta felicidade assim. Será que é por isso que as balanças me odeiam? Agora, com uma morando aqui em casa, vou procurar ser mais gentil. A gente vai se entender. 


... farelos por aí ...

03 de janeiro de 2021 

 

Acordei muito cedo, às 02h41. Cedo demais para calçar o tênis e subir para a pista. O primeiro treino do ano não deveria correr tanto risco. Virei para o lado e continuei a dormir.


Às 07h17 eu estava com toda disposição na Cidade de Minas. Na corrida, voltar à estaca zero significa caminhar, caminhar até adquirir o ritmo dos trotes e voltar a correr. Estou nessa fase, conforme consta no perfil, ao final deste post: 


A primeira batalha é correr os primeiros 5 km! 


Ao voltar da padaria, subi na balança e ficou comprovado: meu retorno aos exercícios físicos é urgente. Está difícil de acreditar, à beira dos 100 kg. 


Perfil: 

Distância: 5,24 km

Pace médio: 10:01 

Tempo: 52,34 


02 de janeiro de 2021

... farelos por aí ... 




 

Eu não tenho problemas para acordar cedo. O problema é dormir tarde e, por consequência, acordar após às 07h. Quando isso acontece, putz! O bicho pega. Eu fico insuportável.

É o primeiro dia do ano e já lhe aviso que minha manhã foi arrastada. Levantei às 08h53 e isso para mim foi o fim: pouca disposição, sem nenhum apetite para conversa. De repente vem uma tristeza do nada para me fazer companhia. 


Por que estou contando essas coisas? É porque, ao longo de 2021, quero estreitar os laços com meus leitores. Para um bom relacionamento nada melhor do que a transparência, concorda?


Vamos com mais verdades? 


1) Ao contrário dos últimos meses, agora vou dar títulos específicos para minhas anotações e não simplesmente as datas, como se estivesse escrevendo cartas ou um diário tradicional.


2) Quero muito que algumas páginas deste projeto chegue a mais leitores. Se você quiser contribuir, compartilhando este blog por aí, ficarei muito grato. 


3) Grande parte do que você lê aqui é escrito pela manhã. Eu sou daqueles que acreditam que o ápice da minha produtividade acontece nas primeiras horas do dia. Entendeu agora porque não gosto de acordar tarde? 

Voltando ao primeiro dia do ano: 


Preparei um almoço muito simples e optei por não cochilar no período da tarde. Aproveitei para assistir a alguns episódios da 5ª temporada de "Lúcifer". 


Ainda consegui ler os contos "A heresia de cátara", de Luigi Pirandello, e "Vanka", de Anton Tchekhov, ambos presentes em uma antologia que revelarei depois de lida.   


Se você ainda não sabe, estou escrevendo um novela juvenil, desde o mês de abril. Hoje foi o dia de esboçar o último capítulo da primeira parte. 


Para fechar, digitei esta página de diário, ouvindo um pouco de música celta. Não estou mais com mal humor. Aliás, quero que venha comigo, ao longo deste ano. Tenho certeza de que você também terá muita coisa para compartilhar.


... farelos por aí ... 


1º de janeiro de 2021 



 

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