Acordei muito cedo, às 02h41. Cedo demais para calçar o tênis e subir para a pista. O primeiro treino do ano não deveria correr tanto risco. Virei para o lado e continuei a dormir.


Às 07h17 eu estava com toda disposição na Cidade de Minas. Na corrida, voltar à estaca zero significa caminhar, caminhar até adquirir o ritmo dos trotes e voltar a correr. Estou nessa fase, conforme consta no perfil, ao final deste post: 


A primeira batalha é correr os primeiros 5 km! 


Ao voltar da padaria, subi na balança e ficou comprovado: meu retorno aos exercícios físicos é urgente. Está difícil de acreditar, à beira dos 100 kg. 


Perfil: 

Distância: 5,24 km

Pace médio: 10:01 

Tempo: 52,34 


02 de janeiro de 2021

... farelos por aí ... 




 

Eu não tenho problemas para acordar cedo. O problema é dormir tarde e, por consequência, acordar após às 07h. Quando isso acontece, putz! O bicho pega. Eu fico insuportável.

É o primeiro dia do ano e já lhe aviso que minha manhã foi arrastada. Levantei às 08h53 e isso para mim foi o fim: pouca disposição, sem nenhum apetite para conversa. De repente vem uma tristeza do nada para me fazer companhia. 


Por que estou contando essas coisas? É porque, ao longo de 2021, quero estreitar os laços com meus leitores. Para um bom relacionamento nada melhor do que a transparência, concorda?


Vamos com mais verdades? 


1) Ao contrário dos últimos meses, agora vou dar títulos específicos para minhas anotações e não simplesmente as datas, como se estivesse escrevendo cartas ou um diário tradicional.


2) Quero muito que algumas páginas deste projeto chegue a mais leitores. Se você quiser contribuir, compartilhando este blog por aí, ficarei muito grato. 


3) Grande parte do que você lê aqui é escrito pela manhã. Eu sou daqueles que acreditam que o ápice da minha produtividade acontece nas primeiras horas do dia. Entendeu agora porque não gosto de acordar tarde? 

Voltando ao primeiro dia do ano: 


Preparei um almoço muito simples e optei por não cochilar no período da tarde. Aproveitei para assistir a alguns episódios da 5ª temporada de "Lúcifer". 


Ainda consegui ler os contos "A heresia de cátara", de Luigi Pirandello, e "Vanka", de Anton Tchekhov, ambos presentes em uma antologia que revelarei depois de lida.   


Se você ainda não sabe, estou escrevendo um novela juvenil, desde o mês de abril. Hoje foi o dia de esboçar o último capítulo da primeira parte. 


Para fechar, digitei esta página de diário, ouvindo um pouco de música celta. Não estou mais com mal humor. Aliás, quero que venha comigo, ao longo deste ano. Tenho certeza de que você também terá muita coisa para compartilhar.


... farelos por aí ... 


1º de janeiro de 2021 



 

 

É o último dia do ano! E o que mais quero é escrever, produzir, ao longo dos próximos 365 dias. A hora de publicar mais livros chegará e estaremos todos preparados para este momento.

 

A leitura e a escrita assídua serão de grande relevância também para o retorno às ruas. Ou melhor, às corridas de rua.  

 

Porque uma das lições que aprendemos neste ano foi: recomeçar é essencial!

 

Prova desse recomeço é que vou digitar agora um conto que escrevi em homenagem ao escritor Mia Couto, lá em dezembro de 2019. 

Tenho um profundo respeito pelo templo de amadurecimento das narrativas, em especial , o tempo dos contos.   

 

Um forte abraço,

... farelos por aí ...   


 

 


Qual leitor nunca desejou ter mais tempo para exercer sua paixão?

 

Confesso-lhe que só fico totalmente disponível aos livros assim no período das férias escolares.

 

Neste ano distinto, buscando fixar as experiências do vivido e do sonhado, organizei uma dieta literária. Semelhante às recomendações das três frutas pelos nutricionistas, estou me alimentando de pelo menos três gêneros: poema, conto e ficção.

 

Sinceramente não imagino o resultado. Só tenho certeza de que, no mínimo, está fazendo muito bem para minhas relações neurais.  O cérebro está ficando biruta com os trilhos que venho encontrando.

 

Oh, também não quero lhe prometer nada quanto aos números, tudo bem?

 

... farelos por aí ...

 

Há semana retirei o açúcar do café. Algumas mudanças já sinto no cheiro, a qualidade do pó, é outro paladar.


Por enquanto tudo no lugar, pois minha esposa não se importa em adoçar sua xícara do amargoso-energia.

 

Para comemorar a conquista desses sete dias, vou presentear nossa cozinha com um açucareiro daqueles bem finos. Assim, quem sabe, quando for me visitar vai lembrar desta página de diário.

 

Ah, está no caminho do retiro o abençoado refrigerante, aquele líquido que é o açúcar em gotas. Não o trato como o vilão. Todos os alimentos são sagrados. O problema está com quem vos escreve. Sou descontrolado, às vezes, obsessivo.

 

Por que, então, não mudar o ângulo para ingestão de água, a prática dos exercícios físicos e o consumo de elementos mais saudáveis?

 

... farelos por aí ...

 


Não consigo parar de escrever diariamente. Não falo da escrita das crônicas semanais, dos contos eventuais ou dos capítulos das novelas juvenis que componho.  

 

Falo da escrita em si, sem adjetivos, com propostas distintas. Agora entendo o porquê de há sete anos ter passado 365 dias escrevendo de forma ininterrupta.

 

Seria isso uma maldição? A última coisa com que me importo nessa vertigem é com os leitores. Perdoe-me, caso você tenha lido esse texto por um acaso na rede. Fique à vontade para comentar o que quiser.

 

A verdade é que sempre escrevemos para nós mesmos. A gente escreve porque não suporta tantas ideias tomando conta de nossas vidas. É para se livrar das impressões, dos horrores que não contamos para ninguém. A novela que escrevo agora é para deixar de me aborrecer com uma pessoa próxima. Vou escrever para esquecer essa pessoa ou aceitar que ela nos ame de um modo assim diferenciado. Sei lá...

 

Gosto de escrever e tenho consciência de que esse ofício por mais insignificante que seja oferece risco, aprendi com o poeta Armando Pereira Filhos:  


“Ao escrever, estamos sempre muito perto do fogo”.


... farelos por aí ...

 

Ando exausto. Um professor em dúvida sobre a ceia de Natal e as aulas de despedida nos dias 21 e 22 de dezembro, com Conselho de Classe agendado para o penúltimo dia do ano. É a real....

 

Antes disso, reunião com a equipe de um Sistema de Ensino no sábado pela manhã. Não reclamo, é só o cansaço de todos os profissionais da Educação, mas que ninguém tem a coragem de mencionar, de falar. Com você, eu tenho.

 

Como leu no início da semana, caro D, a rotina do lar foi para os ares com o teste positivo da Covid-19. Está lembrado? Dificilmente vamos esquecer esse episódio.

 

Muitos dos companheiros foram desligados da empresa, logo do início da semana. Essa notícia mexeu com todo o corpo docente, abalando-o. Dói.

 

No blog rolou a publicação de narrativas da série “Banquete dos sentidos”, uma entrevista com o músico Marcus Vinícius de Souza e mais recentemente a “Migalha de quinta”.    

 

Agora, o corpo quer voltar para a rua. O corpo está pedindo a corrida, a caminhada já não me satisfaz, não dá conta de vencer a barriga. E a bichinha está esticando em uma proporção considerável.

 

É preciso também retomar as leituras sistemáticas e ... o mais urgente: escrever. Estou envolvido com uma narrativa breve que há uns nove meses vem arrancando uns calafrios, tessitura de arames, muitos espinhos na língua das feras que terão que cuspir enzona.

 

Assim que rolar algum progresso em uma desses verbos – Ler / Escrever / Correr (LEC) –   volto aqui para compartilhar. Darei um tempo para o excesso da rede, inclusive para os posts com fotos.

 

Precisamos respirar os ares da 5ª Estação.  

... farelos por aí ...

                             

Eis uma das façanhas que só as mulheres conhecem e conseguem praticar com desenvoltura, maestria. 


Para mim, uma descoberta?!


Descobri? Aliás, passei a por sentido, a lançar um pó sobre aquelas ações todas, muitas vezes, invisíveis em muitos lares brasileiros. Confesso que isso tudo só me ocorreu por conta da pandemia. Uma lição. A necessidade.


Eu descobri. Assim, sinceramente... posso dizer que serei um eterno aprendiz, mas isso importa e festejo a descoberta em si.


Eu descobri que para cumprir as tarefas, as obrigações que nos consomem, somem com nossas energias, as mulheres brilham no “Jogo do Enquanto”.


 Ah, para você entender, apresento-lhe meus primeiros passos, após a caminhada diária:

 enquanto a água do café ferve, tiro o carro da garagem, volto e preparo o coador, o filtro, coloco uma colher de pó. Enquanto o café está sendo coado, exalando o cheiro que desperta todas as manhãs que ainda moravam em meu corpo, ouço uma canção sagrada de Bach;


 enquanto lavo as vasilhas do lanche ou jantar da última noite, ouço uma série de conversas sobre assuntos do universo da sexta arte e sonho um dia me encontrar disponível às ideias desprezíveis do mundo da pressa;  


enquanto os outros moradores buscam se atualizar diante dos noticiários tão monótonos, tão marrons, verifico se os protocolos das aulas daquele dia estão corretamente preenchidos, leio as mensagens que nos chegam em caixas.


Eis um pouco das manhãs! Acredito que não seja assim difícil esboçar meu desempenho no “Jogo do Enquanto”, ao longo do dia; mas lembre-se de que sou um aprendiz.


Por que temos dificuldade de reconhecer que esse jogo é real? Por que o tratamos como arranjos invisíveis, dentro de uma casa?  


Quero continuar aprendendo a respeito desse jogo. Quem sabe a escrita não vai me ensinar?

 

Ilustração: Marci N.

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