Circuito

 



Casado com uma atriz e professora de teatro, sempre respeitei a mística das estreias. Aprendi com Leandra Pacífico que a estreia é sempre um tempo de ansiedade, insegurança, ausência e mistério. Só de pensar que aquela seria minha primeira prova, bateu o famoso friozinho na barriga.

 

Para minha alegria e satisfação, embora a inscrição tenha sido feita pela internet, quem retirou o kit foi minha comadre, Maria Estela. Ela, os meninos João Pedro e Toddy, foram os parceiros da minha estreia. Completando o time, quem nos levou até a pista foi o compadre Ronaldo Silva. Além de motorista, ele é o nosso incentivador número 1.

 

Na madrugada do dia 25 de novembro de 2018, choveu bastante. Era o anúncio da edição de verão do conhecido Circuito das Estações. Fato é que chovia tanto que, enquanto saía de casa, na inocência, imaginei até que a corrida pudesse ser cancelada.

 

Fomos direto para a casa da Estela. Lá, todos leram em meus gestos o clima da estreia. Sabe quando você está prestes a realizar uma atividade e fica sem entender muito bem o que está acontecendo? Eu me perguntava, em silêncio: "É isso que tá rolando? Vamos descer para a Pampulha de verdade?"

 

De fato, estava acontecendo. Debaixo de uma chuva relativamente fria, eu e Estela estávamos na pista para os 5 quilômetros. A parceira já havia participado de outras provas. Os meninos, adolescentes fininhos, se inscreveram para os 10 km. Cada um no seu ritmo, e eu, ansioso.

 

Seguindo os trejeitos típicos de um estreante, fiz os alongamentos e fui para a pista. Eis a largada e mais de 1 km para o corpo sedentário entender o que estava acontecendo. Nem fiz questão de me hidratar no 2º km. Segredinho só entre a gente aqui: era a insegurança de parar e não conseguir concluir a prova. Então, reduzi o ritmo para que a parceira se hidratasse.

 

Lá pelo 3º km, comecei a apreciar a prova. A chuva trazia um certo encanto, lavava o suor e refrescava meu corpo, que, a essa altura, já aceitava a ideia de que seria possível correr até a linha de chegada. Uma câmera desavisada facilmente capturaria minha expressão de gratidão, a alegria de quase chegar lá.

 

Ao meu lado, Maria Estela, com todo entusiasmo, companheirismo e incentivo. "Vamos conseguir! Falta pouco." Claro que não era tão simples assim. "Pouco" que nada. Eu só queria que terminasse logo, mas, sem muito o que fazer, o jeito era seguir firme.

 

Quando eu já pensava que estava perto, uns 200 metros antes da tão desejada linha de chegada, lá estava Ronaldo Silva, gritando e nos incentivando: "Vai, Farelo! Vai, Estela! Vocês estão quase lá. Bora! Bora!" Ter alguém torcendo por você faz toda a diferença. Guarde com carinho essa lição.

 

Inacreditável. Difícil descrever todas as sensações de cruzar a linha de chegada, de correr ininterruptamente os primeiros 5 km da minha vida. A gratidão pela primeira conquista, debaixo de chuva. Em 35 minutos, o batismo: um importante passo rumo ao Desafio proposto pela minha filha.

 

Agora, você sabe: a prova dos meus primeiros 05 quilômetros foi no famoso Circuito das Estações. O que será que vem por aí?

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