Entrevista com Marcus Vinícius de Souza

 


"a música para mim é uma necessidade de alma"


Salve! Salve! É com muita alegria e satisfação que venho compartilhar um pouco da prosa que tive com o poeta e músico Marcus Vinícius de Souza, que está lançando o EP “Todo tempo é TEMPO”. Confira a seguir a entrevista que fiz com o artista, dentro do quadro Farelo 7.   

 

Marcus Vinícius, primeiro, muito obrigado por aceitar o convite para essa entrevista aqui no meu blog! Para começar, gostaria que falasse um pouco da sua relação com a música. Quando você se despertou para essa linguagem artística? Esse primeiro contato surgiu na infância? Você foi influenciado por alguém da família?

 

Desde criança, ouvia muita música em casa e na rua. Meu pai era músico da Polícia Militar e um dos meus irmãos estava começando as primeiras aulas em uma banda comunitária do bairro Santa Cecília, em Barbacena, minha cidade de nascimento.

 

Conhecemos o Marcus Vinícius saxofonista, o professor da área de Linguagens, o poeta, autor dos livros “Ecos de uma escrita” e “Etymon”, lançados respectivamente em 2018 e 2019 pela editora Ramalhete. E agora, estamos conhecendo o cantor e compositor. O que te levou a compor e cantar?

 

As composições, as primeiras, nasceram muito espontâneas. Tinha aulas de violão com o Beto Lopes e, a cada semana, praticamente, escrevia uma canção. Desse processo, saíram seis músicas, duas delas em parceria com esse querido amigo. O cantar veio no início da pandemia. Senti essa necessidade de me expressar também pela voz, pois era um instrumento pouco utilizado por mim. Na verdade, não achava que tinha voz para cantar, porém isso mudou com as aulas de Paula Santoro e hoje estou e aprimorando nessa expressão.

 

É impressão nossa ou o lançamento do livro-disco “Etymon” foi uma espécie de centelha para a origem do Marcus cantor e compositor? Conte-nos estudo, não esconda nada (risos)

 

Foi sim, mas principalmente o show de lançamento. Naquele momento, foi a primeira vez que estava à frente de um público não mais acompanhando um artista, mas conduzindo um trabalho, um show autoral. Me senti muito bem fazendo isso. Então, percebi que a música para mim é uma necessidade de alma. Hoje sinto que tenho alguma coisa pra dizer, pra expressar através dela. Essas seis músicas, inicialmente, comecei de forma despretensiosa, mas percebi que elas tinham um recado a dar. Então, me apliquei fazer cada letra, melodia ou harmonia de forma ainda mais atenta ao que cada canção “pedia”.

 

Marcus Vinícius, o processo de criação de um EP leva em conta muitas etapas. Você pode nos revelar alguns segredos dos bastidores da criação/gravação das músicas que fazem parte desse projeto?

 

Na verdade, iria gravar apenas as duas canções que fiz em parceria com o Beto. Lancei as duas como “single”. Um mês depois animei a gravar mais duas e lancei uma delas também no formato de “single”. Aí pensei, bom! Estão faltando só mais duas para terminar o EP...

 

O processo é muito intenso. Gravar num estúdio de alto nível, acompanhado de ótimos músicos, dá um frio na barriga, até porque era a primeira vez que ouviria a minha voz em uma canção. Foi um processo de muitos sentimentos misturados. No final, ufa, consegui! Todos os envolvidos se empenharam demais e me deram confiança para fazer este EP, “Todo tempo é tempo”. Ah, só pra registrar que o Marcksofone aparece neste EP também.


Na parte da composição, percebi que as três primeiras músicas abordavam uma leitura acerca do tempo, então resolvi escrever mais três que tratassem deste assunto e fechar um ciclo de seis composições que estão tematicamente interligadas.

 

Quais foram os desafios para produzir o EP “Todo tempo é Tempo”, no ano da pandemia?  

 

Certamente, a questão financeira era uma preocupação, visto que banquei todo o projeto. É um investimento de longo prazo. E, num contexto de pandemia, ficava a dúvida se era o momento de ter essas despesas. O outro desafio era pessoal. “Será que está na hora de gravar estas músicas e lançar em formato digital e sem show de lançamento? As pessoas já estão um pouco enjoadas de vida virtual”, me questionava.

 

Quem te acompanha nesse projeto, Marcus Vinícius?


Beto Lopes, que além de participar como músico, fez os arranjos, direção e produção musical; Lincoln Cheib na bateria; e a Paula Santoro, que fez uma participação especial em “Vidas Ciganas”, além da minha preparação vocal. A parte de mixagem e masterização foi o Ricardo Cheib.

 

Com uma equipe tão talentosa dessas, tenho que perguntar: como você está se sentindo nessa semana do lançamento? 

 

Muito feliz de poder conseguir levar esse trabalho adiante e naquela expectativa para saber aonde essas músicas vão chegar.

 

Marcus Vinícius, mais uma vez quero te agradecer por fazer parte do quadro Farelo 7, aqui do blog e, claro, parabenizá-lo pelo mais novo projeto. Para fechar, gostaria que indicasse e comentasse um trecho de uma das composições do EP


Gostaria de destacar um trecho de “Vidas ciganas”, essa música que escrevi pensando no tempo ligado ao nosso tempo socialmente falando.

“[...] Vida que afana

Vidas ciganas

Corpos que vão morrer

Elos tão frouxos

Lábios tão roxos

Tempos de insolidez

Vozes que não se escutam

A não ser pela fala abjeta e ter

Sempre razão na conversa que

É escudo escuso pra se defender

Mas se importar para quê?”

Essa canção trata do valor nulo ou quase nulo que a vida humana possui nestes tempos, do apagamento do outro, bem como dos elos humanos construídos pela perniciosa conveniência. Nesse sentido, expressa-se arrogância humana, que só dá ouvidos à própria voz e, pior, reprime e reprova o outro, como se este não tivesse direito de expressão.  Nessa letra, o tempo foi construído por meio da indignação frente ao individualismo, à intolerância, aspectos que caminham na contramão do que, de fato, é ser humano. Os ciganos foram povos migrantes duramente reprimidos e mortos, assim como outros povos e, hoje, de alguma forma, quase toda a humanidade.


Enquanto aguardamos o lançamento do EP, minha sugestão é: confira o teaser do projeto, neste vídeo:




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