Era o meio do atendimento. A vendedora consultava o preço um preço para mim, quando atrás do monitor, ele apareceu:


– Com licença, minha senhora...


Confesso que o que veio depois não ficou na memória. Fiquei estático. O que pode ou deveria parecer uma simples abordagem, aos meus olhos, foi MAG-NÍ-FI-CO.


O nome daquele cliente, de poucas palavras, mas gestos nobres, é Roberto. A mãe dele, que estava na estante vizinha foi quem nos contou. Eu e a vendedora ficamos encantados com a educação do Roberto.


Roberto conta apenas com dez anos... e é um leitor voraz e o Brasil precisa de mais meninos assim. Você não acha?






Contagem, 17 de março de 2022 


OLÁ, querido leitor, querida leitora! 

 

Espero te encontrar bem, estudando muito para as provas, realizando todas as tarefas do Para Casa. Graças a Deus, não posso reclamar da vida; pois tenho os leitores mais fofos do mundo: VOCÊ e seus colegas do CAOB. 


A professora Marílhia B. vai até ficar com ciúme, depois de ler isto: a vontade é de sair daqui agora, de avião ou helicóptero,  pousar pertinho colégio e passar uma manhã inteira conversando com vocês. Já pensou nisso? Ah, a professora Marílhia ia dizer assim: 


"Ah, Alfredo, nada de ficar querendo meus alunos. Você já  tem os seus pra lá". Só de pensar na cena, começo a rir aqui sozinho na frente do computador. 


MAS eu estou rindo mesmo é de ansiedade, viu?! Não vejo a hora de a gente se conhecer pessoalmente. Nossa! Será lá no mês de abril ... ainda! Vamos torcer para esse dia chegar logo, não é mesmo?


Você também está ansioso(a) para esse dia?! 


Você deve estar se perguntando assim: por que o Alfredo está assim tão serelepe hoje; não é mesmo? 


Porque já sei qual é o personagem favorito dos leitores de "Um estranho para o céu"; porque eu não imaginava que o "Garimpo das bolhas de sabão" fosse mexer tanto com os leitores do CAOB. Porque, depois de ler todos os comentários aqui do blog, fiquei morrendo de vontade de responder um por um; mas eu não daria conta. A solução?


Escrever esta terceira carta ... e acredito que será a última, antes do nosso encontro. Ah não ser que aconteça de eu receber um outro montão de comentários. Vai que acontece.


Se você chegou até aqui, terá sugestões especiais: 


Para quem leu ou está lendo "Um estranho para o céu", pegue o livro novamente: esqueça a a parte verbal e preste atenção somente na ilustração, do início ao fim. Que outras histórias poderiam ser contadas somente a partir dos desenhos do artista Walter Lara? Você sabia que ele é meu amigo? 


Agora, se por um acaso, você estiver lendo o "Garimpo das bolhas de sabão", uma dica de leitura: procure o texto que você mais gostou. Agora, leia-o em voz alta e tente imaginar em que lugar se passa história. Como é esse lugar? Para que lugar essa história te leva? 


E uma última pergunta para todos os leitores: você sabia que há uma música especial para garimpar bolhas de sabão? 


Mas isso é outra história....


Abs,

... farelos por aí..



 

Belo Horizonte, 08 de março de 2022

 .

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OLÁ! Espero que você esteja bem, querido(a) leitor(a)! Diferente da nossa primeira carta, dessa vez escrevo no final da tarde e aqui está bem quente.


Não sei se você está sabendo, mas eu recebi um montão de cartas aqui no blog. Muitas e muitas perguntas, curiosidades e montão de comentários legais. Como demoraria muito tempo para responder um por um, resolvi escrever esta segunda carta.


Não sei se foi a sua, mas a pergunta que mais recebi foi: “Que desafio foi esse que sua filha Cecília te fez?”


Está preparado(a) para saber? Então, vamos lá!


Certa vez, lá pelo ano de 2018, eu estava voltando da escola de carro com a Cecília. Passando em uma parte da Lagoa da Pampulha, comentei assim: “Nossa, filha, um dia eu quero correr a volta da Lagoa da Pampulha.”


Na hora, essa menina deu uma baita gargalhada, a danadinha nem disfarçou. Ela teve a coragem de falar assim: “Eu duvido que você vá conseguir, pai. Você é tão fracote.”


Nessa hora, eu me senti um bichinho desses pequeninos, respirei fundo e falei: “Ah, é? Quer dizer que não consigo correr os 18 km da Lagoa da Pampulha?”


A menina sorriu e sentiu que eu não estava para brincadeira. Na hora que ela percebeu que eu falei sério, soltou a seguinte frase: “Então, eu te desafio!”


Corri os primeiros 05 km ainda em 2018. Início de 2019, machuquei o joelho. E você pensa que desisti? Depois corri 08, 10, 12, 16 até chegar dezembro daquele ano e vencer o desafio, com mais de 15 mil pessoas. Aquele dia foi inesquecível.


Agora que contei um segredinho, é a sua vez!


Se você leu ou está lendo “Um estranho para o céu”, responda-me: De qual personagem você mais gostou? Por quê?


Se você está lendo o “Garimpo das bolhas de sabão”, qual foi o texto que mais chamou sua atenção? Por quê?


Um forte abraço,

Alfredo Lima

 ... farelos por aí ...


Meu pai começou o dia ouvindo Bach. Quando isso rola, tá pegando algum lance grave aí.


O coroa só ouve Sebastian Bach em situações extremas: êxtase, dor, alegria ou revolta. Não importa, desde que seja muito expressivo.

Pelo volume do som, imagino que o homem vive alguma parada bem sinistra, tá ligado?

Pode parecer loucura, mas o povo aqui se comunica por meio da música.

Agora, por exemplo, o coroa está lá em baixo, no porão, quase terminando a playlist só de Bach. Até o final do dia vai nos contar o que aconteceu.

Com o papai, aprendemos que o melhor momento pode ser encontrado entre a música e o silêncio.

...
farelos por aí ...

 

O que será do futuro dessa menina? Que Deus a abençoe! Porque a julgar por agora, há dificuldade para descrever as atitudes da criança. Para se ter uma ideia, ela jamais aprovou o termo pré-adolescência.

 

Lá pela casa dos dez anos já era fã do Queen, mas nunca negou o gosto pelos clássicos da música: Chopin, Mozart, Bach e Beethoven.

 

Quando o assunto é livro ou filme, seu gênero favorito é a biografia. Adora saber dos bastidores da vida e da obra dos artistas. Com isso, sempre deixa escapar algumas curiosidades nas reuniões familiares.  

 

Por falar em família, recentemente, a menina aprontou uma boa com o pai.

 

“Vai chegar um livro que a mamãe comprou na internet. E é você quem vai ler para mim.”

 

O pai, coitado, um pouco encantado com a disposição das duas, ali sem entender nada, soltou um “Está bem”. A menina já tem doze anos e podia ler sozinha, não?

 

“Segundo o autor, o livro é dedicado aos pais. É para você estudar e aplicar os conceitos que estão lá. Você não vai se arrepender”.

 

Não vem ao caso indicar o nome do livro; mas é com orgulho e gratidão que o moço vai explicitando os conceitos do tal livro para a filha. Para isso, ele vem aproveitando as tardes de sábado.

 

A menina, a cada encontro, vem registrando as lições no caderno vermelho. Dizem por aí que até na segunda e terça de Carnaval, os dois estavam discutindo o comportamento de alunos e familiares que não dão a mínima para os professores.

 

Pelo visto, desse capítulo aí que eles estavam estudando, foi um folião de ideias. Com licença, vou ter que parar de escrever, pois ela acabou de me chamar na sala: “Vem logo, pai. Quero que você veja a budista que falei outro dia”


...

farelos por ... 

 



Na tarde do último domingo do mês, estive no Parque Amendoeiras, a convite da Yara e do Henrique. Guarde bem esses nomes.


Fui ao parque na categoria de ouvinte. Colei lá para conhecer de perto um dos projetos desses dois líderes da nossa quebrada.


O que rola? Todo último domingo do mês, eles se reúnem no parque para uma troca de ideias sobre Filosofia. Isso mesmo que você leu. De forma leve, descontraída, muito gostosa, eles coordenam um Clube de Leitura com foco na Filosofia.


A partir do livro lido no mês anterior, livro que o participante escolheu (reforço), ele expõe suas ideias, impressões para o grupo. Tudo isso sem perder de vista o diálogo da Filosofia com as questões da atualidade, dos nossos tempos. Entendeu?


Um tecido sobre a grama, os livros à disposição dos frequentadores do parque; no canto uma sacola com lanches. Para cada assunto que desponta, os nossos MCs têm uma preciosa sugestão de leitura: “Este livro aqui trata desse assunto, nele você vai..."


Yara e Henrique, que projeto massa! Como é bom poder conversar assim sobre Filosofia! Assim sem frescura, sem aquela abordagem enfadonha das academias. Como é rico estabelecer diálogos com outras áreas... ter os filósofos conosco bem na miudinha, tomando uma xícara de café, no final da tarde. Vocês nos representam.


Foi minha primeira vez e, claro, peguei um livro de ensaio: o título que estampa este post. No final do mês de março, voltarei ao parque para compartilhar as impressões e estabelecer conexões com a Filosofia.


Yara e Henrique, mais uma vez: meus parabéns! E vamos que VAMOS espalhando leituras por aí, parceiros!  

 

...
farelos por aí ...

 

 

 

Contagem, 19 de fevereiro de 2022.

 

Querido(a) aluno(a) da professora Marílhia Barros, é com muita alegria que lhe escrevo.

 

Primeiro, deixe-me apresentar: meu nome é Alfredo Lima, sou o autor do livro “Garimpo das bolhas de sabão” que você vai ler em breve. Ou será que já está lendo?

 

A respeito do livro, a gente pode conversar depois. O que você acha dessa ideia?

 

Bem, além de escritor, eu também sou professor, produtor cultural, pai de duas garotas mais novas do que você. Minhas meninas têm nome de escritora e poeta.  

 

A caçula se chama Clarice e tem 06 anos. Já a Cecília tem 12, mas é quase do meu tamanho. Segredo nosso aqui: graças a Deus elas puxaram a mãe em tudo, inclusive na beleza (risos).  

 

Por falar em segredo, tenho que lhe revelar uma coisinha: é a primeira vez que escrevo cartas para meus leitores. E quer saber? Eu estou adorando essa experiência de poder conversar com você, antes mesmo de a gente se conhecer presencialmente. Isso não é muito legal?

 

Escrevo-lhe no meio da manhã de um sábado com o céu à espera de mais chuvas. Tem chovido muito em Ouro Branco? Escrevo-lhe essas linhas depois de um treino de rua.

 

Ah, já ia esquecendo de lhe contar outro segredinho: estou apaixonado pelas corridas de rua, desde o ano de 2018. E tudo começou por conta de um desafio que a Cecília me fez. (Um dia lhe conto).

 

Nossa! Que carta enorme que ficou! Eu escrevi demais. Você me perdoa pelo tamanho do texto?

 

Se leu até aqui, muito obrigado! Se quiser responder alguma pergunta dessa carta, sinta-se à vontade. Utilize a parte dos comentários.

 

Um forte abraço,

 Alfredo Lima

 

 


 

Janeiro

A menina sem palavras, Mia Couto

A vida íntima de Laura, Clarice Lispector

A vida que ninguém vê, Eliane Brum

Filó & Carijó, Marismar Borém

Galiléia, Ronaldo Correia de Brito

Metamorfoses, Flávia Côrtes (et al)

Os Supridores, José Falero

Torto Arado, Itamar Vieira Junior






 


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