O título desta migalha é também do prefácio do livro “Fomos maus alunos”, de Gilberto Dimenstein e Rubem Alves.

Eu transcrevi essa palavra com um lápis amarelo e pensei na fome do “Quarto de Despejo”, que releio.

Passei um verde por cima de cada letra e a combinação verde-amarelo me provocou náusea, ao pensar no desgoverno do País.

Irritado, exalando desconforto à caneta que desequilibrava no branco do papel, passei um vermelho por cima da travessia.

Ao refletir sobre tudo que estamos vivendo, entendi que nossa travessia está 
s
  a 
    n
      g
        r
         a
            n
              d
                o.

... farelos por aí  ... 


Amar? Não quero mais. Já passei da idade. Chega. Um foi e fechou a conta. Só quero namorar. Viajo, dez dias na roça, quando volto, ele vem todo cheiroso me receber: “Ai que saudade, meu moranguinho!” Agora, pro sinhô vê eu tô que nem uma melancia e ele vem com todo esse carinho. Já tá beirando uns doze anos esse romance. Num quero compromisso. Já pedi pra me largar. “Beto, arruma uma moça mais nova, casa, forma uma família. Cê é novo. Ele não desiste, vira pra mim:” É de você que eu gosto, você vale mais que dez, minha rainha”. Agora, o sinhô me dê licença que vou me arrumar, o Beto tá quase chegando.

... farelos por aí ...
Crédito da imagem: https://pt.dhgate.com/discount/painting-canvas-rain-on-sale.html                               

Tô fechada com o patrão. Ele é quem tá com a razão. Esse lance de  estudos aí num tá com nada não. Tô fora.
Cê num viu a filha da dona Nair? Faltou de serviço pra fazer umas provas e ... pá! Perdeu o emprego.
O troço de escola num enche barriga, moço. O patrão tá com a razão. O que uma pessoa da minha idade vai caçar fazer em uma faculdade? O senhor tá louco?
Eu lá vou perdeu tempo, ouvindo essas besteiras de política? O patrão é quem explica tudo direitinho pra gente.
Outro dia ele inté falaou que essa parada de escravidão nunca existiu nessas terras. Verdade! Disse que é conversa fiada.


... farelos por aí ... 






Crédito da imagem: "Relevo", de Frans Krajcberg, obra da Coleção da Fundação Edson Queiroz

É só por uns tempos. No beco ele não vem, não vai me procurar. Não tivemos filhos. 18 anos juntos e veio a bebida e destruiu tudo: a alegria, o prazer de viver a dois, o respeito. Enquanto gritava comigo estava bom. Eu sei... parece mentira. Mas o dia que ele deu uma pancada no rosto com toda força e ódio do mundo, juntei minhas roupas e documentos, fui parar na delegacia, registrei um BO, lá me encaminharam para o hospital, tirei os pontos na semana passada. Agora, vou trocar umas sílabas com a dona do barracão. Quero passar mais uns tempos aqui.

... farelos por aí ... 



Olá, gente! Eu vim falar sobre um livro muito legal que se chama “O mistério da escola”, do autor Martin Widmark.  

O livro conta sobre um mistério que acontece na escola e que os detetives Marco e Maia vão ter que descobrir.

Quando você descobre esse mistério, você se surpreende muito. É muito legal!  

Espero que você leia essa história

Abraços,

A Menina do Baú Vermelho


Há quase sete anos eu não me desconectava... por uns trinta dias. Adianto: só foi possível vencer esse desafio na virada de 19 para 2020.

Aproveitei as “férias escolares” para a quase completa desconexão das redes sociais.

Pedi licença aos grupos de trabalho (WhatsApp), deixando claro que em fevereiro eles poderiam me adicionar novamente.

Na sequência, decidi que postaria o mínimo de fotos e notícias. Só compartilhei posts de suma importância, de acordos feitos no ano anterior.

Desliguei-me um pouco. Não. Desde 2013, eu não me afastava tanto das redes.

Uma experiência incrível.

Fui fazer outras coisas: carregar tijolo, peneirar areia, ajudar a tirar o nível, olhando a marca d’água na parede com muito cuidado, no desequilíbrio e no sem jeito que sempre fui. Acompanho de perto a reforma da minha casa.
Com a reforma (aquela bagunça dos virados), tivemos que sair do lote. “Por conta de umas questões paralelas”, estamos morando em um barracão na quebrada mesmo.

É nesse barracão com apenas três cômodos que escrevo este texto. Lá fora cai uma chuva medonha, dessas que o Sudeste não recebia há muitos e muitos anos. Porém não quero tratar desse assunto, ele já está em todos os noticiários. Só se fala nisso.

Quero lhe contar essa outra experiência:

– Viver num barracão, percorrendo os becos dia e noite, tem provocado em mim algumas arruaças, pensamentos múltiplos, coisas que o mundo vê como conflitos mínimos.

No momento, os microrrelatos do beco, os diálogos estão provocando um quase-curto-circuito na minha escrita. A realidade em farelo, migalha, tudo misturado nos fios de cabelo branco.
No mês de março, dentro daquela sessão “Crônica de Quinta”, pretendo publicar esses recortes absurdos do beco. O que acha da ideia?

Mas antes da publicação dos próximos textos, quero lhe agradecer por acompanhar meu trabalho; seja o de escritor; seja de professor; seja o de produtor cultural.  

Estamos de volta!

... farelos por aí ...

Detalhe: todas as imagens são da minha quebrada! 


Atenção, livreiros! Esse post é dedicado a todos vocês. 

garimpo das bolhas de sabão é o quinto livro da minha carreira, chega com 20 narrativas curtas, que não são crônicas nem contos, mas ... “migalhas”

curiosidade:  garimpo celebra os seis anos de escrita na rede. 

onde comprar: na Book! Trata-se da empresa que vai distribuir o livro em todo o estado de Minas Gerais. 
Contatos: (31) 3421-5649
E-mail: atendimento@bookdistribuidora.com.br 






Com o desenrolar dos fios que compõem o enredo da vida, a gente acaba por compreender os limites diante de cada arte.
Sempre deixo claro ao universo:
Não desenho nem casa com pauzinho. Nos meus traços, todo ser humano não passa de um boneco engraçadinho.
Quando o assunto é dança, não dou conta dos essenciais “dois pra lá/dois pra cá”. Na valsa, então? É cada pisão!
Nenhum dos outros irmãos, nenhum levou jeito para a dança.
João Londrina domina a arte da carpintaria, as tramas da engenharia. Sikin andou demonstrando talento nas esculturas de argila. Ele também encanta os familiares com som da gaita.
Adelson é quem podemos chamar de música em pessoa. Desconfia-se de que ele é um conjunto de arranjos disfarçados de gente. E isso vem de longe.
Ainda miúdo, tirava sons nos cavacos de madeira que encontrava na subida da ladeira. Luthier. Ele compõe pandeiro, tambor, kalimba e caixa de folia para artistas do mundo inteiro.
Adelson é a testemunha de que eu só consegui uma única vez. Claro, foi por influência dele.
Rodoviária. Dezembro de dois mil. O primeiro ano do mano na Grande BH. De dia, a rua, éramos camelôs. De noite, os estudos. Um ano sem o lazer do fim de semana, um ano longe de nossa mãe.
Não sabemos se foi distância das origens, o milagre que encontrou no irmão do meio o desejo, a vontade cantar.
Só sabemos que naquele dia entrei certo, exato ... no tom. Adelson até se assustou. Ele também não acreditava. Seu irmão estava afinado! O ritmo, o encontro das vozes, um Oceano em harmonia.
Tinha de ser na rodoviária? Tinha de ser mágico? E foi assim a única vez que não irritei as pessoas ... cantando.
... farelos por aí ...   



  


  

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