seus cacos, meus restos


O relógio entrou de férias na minha frente. 
No ano passado, seu vidro beijou o chão e trincou. 
Na semana passada ele simplesmente parou. Talvez esteja cansado de tudo, entediado com todos, não queria mais registrar os meus restos de tempo, nem minhas migalhas de credo. 
Tic-tac — Tic-tac. 
Pare de ler essas minhas palavras em silêncio. 
Pare de olhar para essas linhas, pensando que é alguém que lhe escreve. 
Não estou nem aí pro que você vai pensar depois de terminar de ler minhas impressões, eu saí do retângulo, das batidas mecânicas dos ponteiros, misturei-me aos números, nas horas, a hora de parar com a leitura pode ser agora, mas você que me lê até aqui vai pensar que estou maluca, esquizofrênica, essas palavras de polêmica são para que você dê um solavanco no banco de praça que não senta, na graça que não se apresenta. 
Sessenta segundos e vá às favas seu contentamento que cimenta meus sentimentos.
Não era para terminar assim, não era pra você chegar até aqui, não era a era de uma vez, de um relógio com as partes sem partes...a arte do descarte, vou vazar. 
Tic-tac.  

Imagem disponível em:  http://joaolima.info/site/wp-content/uploads/2013/09/226.jpg 

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