o psicanalista que pediu


Fiquei um longo tempo sem escrever. Esqueci como se faz isso em um diário. Sei que não há problema com esse tipo de perrengue.

Se não quiser perder seu tempo, abandone a leitura dessa joça. O que lê é o rascunho de um sujeito em esboço.

Antes de chegar a esse formato, escrevi a lápis, num caderno velho, tudo com a certeza de que ninguém leria. Eu não tenho leitores. Meus dias estão contados. Os seus não?

— Pare de ler e me dê isso aqui. Vamos continuar a consulta.    

O mundo está se destruindo sob o efeito de antítese.

— Do que p senhor estava falando mesmo?

— O último “Auto da Compadecida”, montagem de um grupo foda (perdoe-me, esse tipo de palavra não pode) lá de Belo Horizonte, teve cenas vaiadas e aplaudidas ao mesmo tempo.

– Ahn? O senhor está bem?

— Não era uma partida de futebol, doutor? Aonde é que é que isso vai parar? Parece que a vida só tem dois lados, vencedor e perdedor, sol e lua, dia e noite. Gente, e o tempo para pensar, refletir e viver e...

— As vaias e os aplausos te incomodaram?

— Que pergunta idiota é essa? Ainda bem que estudou para ouvir. Quero meu diário de volta.

— Continue escrevendo, você precisa. Até semana que vem ...

A vontade era mandar esse psicanalista do Sul para a cidade de Bacurau.

... farelos por aí ...

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