Olá, gente! 
Hoje eu vim indicar um livro  que se chama “O Rei Preto de Ouro  Preto”, da autora Sylvia Orthof.
Você se surpreende como é contado e com quem narra a história.  É muito legal!
As ilustrações são lindas tomara que você goste.
Até  a próxima indicação
Tchau,
A Menina do Baú Vermelho

Título: O Rei Preto de Ouro Preto
Autora: Sylvia Orthof
Editora: Global 


Preparei o café do jeito que você gosta: pouco doce, mas não muito forte.

Comprei aquela rosca que lembra tanto a roça, quitanda do interior das Minas Gerais.

Hoje você não vai preparar o almoço na correria de todo dia, Helena.

A cozinha está arrumada. Adiantei algumas coisinhas, ontem à noite, enquanto me desligava do mundo.

Tem feijão na geladeira. O arroz pré-cozido também está lá, viu? Descasquei alguns dentes de alho. Lavei a verdura que comprei bem cedinho, quando voltava da padaria. Sim, amor, deixei um tempinho na água sanitária.

Montei uma playlist de Bach para o momento que você for preparar o almoço de nossas filhas. O link está no seu WhatsApp.

Fale para a pequena Elis que o Sassá do Pé de Sonho vai nos enviar a nova versão daquela música de que ela tanto gosta: “Bicho de Bocão!” À noite, vamos brincar de “Quem é o dono da rua?”

Ah, não se esqueça de dizer para a Jessie que hoje é o Dia Internacional do Jazz. Para celebrar essa data tão especial, o poeta Marcus Vinícius de Souza vai mandar uma live, às 16:12 – bem britânico assim mesmo – no Instagram. Já fico até imaginando os ritmos que ele vai tocar no sax.

Está quase na hora de descer para obra, vou indo.

Mas eu vou voltar, Helena! Chegarei antes da dança das estrelas no escuro do céu. Antes do canto sagrado da Ave Maria.

Sim, eu não esqueci das máscaras.

Até logo,

F.


... farelos por aí ... 



            Em uma das visitas ao Brasil, José Saramago discorreu no a “tribo da sensibilidade”, em uma das memoráveis edições do projeto "Sempre Um Papo" 
tribo da sensibilidade” diz respeito aos inúmeros profissionais do universo das artes. Todos os envolvidos em shows, espetáculos de dança, teatro: produtores, figurinistas, maquiadores, ou seja, a tribo que faz com que a arte chegue ao seu destino.
À luz de Saramago, venho propor mesmo que de modo tímido a “Tribo da Solidariedade”, nesses tempos de incertezas e nuvens carregadas. 
Para isso, quero apresentar apenas três gestos que garimpei para esta migalha. Dois da minha quebrada e uma nas redes sociais.
Um pequeno grupo de voluntários da região do bairro Nacional, em Contagem, está desenvolvendo um trabalho magnífico. Eles fazem o serviço de entrega especial para idosos, moradores no grupo de risco, pessoas com dificuldade de locomoção. Sempre carregando álcool em gel nos veículos, esses novos mascarados estão dando um show na vida de uma dezena de famílias.
Léa, uma das maiores cozinheiras do bairro, resolveu preparar pratos deliciosos com preços acessíveis aos moradores. Sempre com cardápio variado. 
Na semana passada, experimentei o escondidinho e já quero repetir a dose. “Algumas famílias perguntaram se eu podia preparar alguma coisa à noite nesses dias de... Respondi que se fosse para ajudar, eu estaria à disposição.” Detalhe: ela não precisava fazer isso, mas juntou-se a tribo para somar.
Maria Lúcia Pompein Pessoa, leitora, amiga, parceira da área de Linguagens, tem feito um bem danado para os nossos tempos na rede. Um gesto que nos convida a visitar ou revistar o estado de Minas Gerais. 
Nesse contexto tão conturbado, difícil, Marilu (para os íntimos) vem nos presenteando com imagens magníficas. É o caso, por exemplo, da fotografia abaixo de Jerez Costa:
Flash da cidade de Aiuruoca, que fica no Sul de Minas.  Marilu, diante desse gesto lindo, um pedido: continue postando essas maravilhas do nosso estado. Sua iniciativa transforma o Facebook em um espaço de acolhida, leveza e, claro, vontade de viajar, de re/descobrir...  
            Quem no seu bairro pertenceria a essa “Tribo da Solidariedade”? 


Crédito da primeira imagem: Maria Cecília Masiero
Muito diferente da penúltima manhã, quando fui acordado pelas gargalhadas da minha filha que lia um livro muito envolvente.

Muito distante daquelas amanhãs que o despertador atravessa as últimas camadas do nosso sonho tranquilo e necessário.  

Acordaram-me nessa manhã com treta. Confusão daquelas que a gente, mesmo no barracão de cima, consegue ouvir com detalhes as desavenças de cada envolvido.

Podem me chamar de fofoqueiro!  Cronista da discórdia! Mas foi uma delícia nesse 21 de abril da Quarentena. Foi, gente.

Tapa, soco, pancada ... isso não rolou não.  O barraco do casal me despertou de tal maneira que passei a curtir cada frase, sílabas que disparavam uns aos outros. Saí do meu colchão e na janela, em silêncio, bebi cada movimento.

Ele batendo nas vasilhas e resmungando umas palavras carinhosas de dar medo.

Ela, imagino que descabelada, andava de um lado para outro, gritando frases de ofensas mil ao esposo.  

Uma pena! Em poucos minutos, os filhos acordaram:

– O que tá acontecendo?

– Gente, não deu nem cinco da manhã e o cês nesse bate-boca ?

– Ah, um tanto de gente com criança dormindo aí no lote, seus malucos.

 – Quem esquentou meu sangue foi o irresponsável do seu pai.

– Olha se isso é jeito de me tratar? Até parece que eu sou de te desrespeitar, Diva.  

– Gente, por que ocês estão brigando?

– A vontade é de esfregar sua cara nesse fogão, homem.

– Aí você está passando da conta, sua...

– Eu nem toco nas suas ferramentas, Romão.

– Perdi a paciência, a vontade de tomar café, a fome do almoço, a fome do dia inteiro.  

– Cê não vai levar marmita pra obra, pai? Hoje é feriado e o patrão não vai levar comida pros peões.

– Vai, vaza daqui, seu imbecil. Que morra de fome lá.

Escutamos a batida da porta (com uma força) e na sequência a do portão. Romão saiu cuspindo marimbondo. Até agora não deve ter se acalmado.

– Agora, que a senhora tomou um copo d´água com açúcar, dá pra explicar o que aconteceu?

– Brigamos porque seu pai queimou uma panela minha.

– A senhora tá de brincadeira, mãe?

– Não intromete, Maicon.

– Também estou vazando, gente.

Eu nunca imaginei que uma panela fosse provocar uma confusão dessas.

... farelos por aí ...



Olá, gente!

Gostaria de indicar  um livro muito legal. O livro se chama "Você não vai  abrir?" O autor é Cesar Cardoso.

Você já viu um livro que reclama do próprio autor?



Já dá para imaginar que é muito legal, né?

E você vai dar muita risada. Então, foi essa foi a indicação dessa semana. 

Até a próxima dica.

Tchau,

A Menina do Baú Vermelho 


Desapareci das redes sociais por um templo, dentro desses séculos da chamada quarentena. Este post será lido por, no máximo, umas três pessoas. Não faço nenhuma questão de sair compartilhando essas linhas dispersivas por aí.

Não foi nada grave.

A FAMÍLIA
Estamos em algum porão do caos, ouvindo diariamente os gritos estridentes da Louca da Esquina.

RETRATOS DA SOCIEDADE
A ignorância, o medo, a hipocrisia e a covardia têm interpretado com êxito seus respectivos papéis nos palcos do Brasil.

VIDA DE PROFESSOR
Nunca trabalhamos e aprendemos tanto em tão pouco tempo. Estamos mergulhados no universo das plataformas, links, tutoriais, aulas síncronas e assíncronas.  O “Teams” do Office 365 sabe bem o que estamos enfrentando.

VIDA DE ESCRITOR
Pela primeira vez na vida, sinto que estou sendo escrito e descrito em uma história. Acredito que o narrador dessa trama toda, às vezes, recolhe e nos acolhe nesses fragmentos, travas e trevas que ainda não temos luvas para sentir.

Crédito: obra que ilustra este post:  Transverso - Caetano Dias/ Galeria Paulo Garzé, Salvador

... farelos por aí ... 



Aprendi com o João Londrina que a tábua de pinho tem poucas funções. Serve para as formas onde entram as vigas, ferragens, ramagens de sustentação.
Lá recebe o concreto e depois não suporta muitas  reutilizações.
Dependendo do jeito que o pedreiro bate ou retira o prego, ela se desmancha. Em pouco tempo, a tábua  apodrece.
Disse pro João Londrina que, mesmo sendo muito frágil, a tábua tem serventia.
Já a poesia, conforme ensinou nosso vô Manoel de Barros, “a poesia não serve pra nada”.
João Londrina ficou assim inquieto e fez outra revelação:
– Ah, a tábua de pinho também serve pra fazer caixão, menino!
Virei pra ele e, de olhos fechados, suspirei. Depois, soprei o desfecho da nossa conversa:
– A poesia serve pra tudo!   

... farelos por aí ... 



O título desta migalha é também do prefácio do livro “Fomos maus alunos”, de Gilberto Dimenstein e Rubem Alves.

Eu transcrevi essa palavra com um lápis amarelo e pensei na fome do “Quarto de Despejo”, que releio.

Passei um verde por cima de cada letra e a combinação verde-amarelo me provocou náusea, ao pensar no desgoverno do País.

Irritado, exalando desconforto à caneta que desequilibrava no branco do papel, passei um vermelho por cima da travessia.

Ao refletir sobre tudo que estamos vivendo, entendi que nossa travessia está 
s
  a 
    n
      g
        r
         a
            n
              d
                o.

... farelos por aí  ... 
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