– Pode excluir esse cara.

– É mesmo. Ele não se manifesta.

– Nem vai sentir falta. Não vai fazer diferença.

O “cara” de quem eles estavam falando sou eu. Escrevo esta crônica para comunicar que acabaram de me excluir de mais um grupo do WhatsApp. Não me importo. Eles estão cobertos de razão.  

Será que alguém parou pra pensar que há grupo demais?

Grupo da família, do trabalho, da pelada do domingo de manhã, grupo de estudos, das amigas, da galera das antigas, dos pais da escola, grupo da zoeira (ai que canseira!) 

Devem achar que sou um péssimo usuário dessa rede social. Não aprendi a dar bom dia todo dia. Sou um péssimo abreviador de palavras. Demoro um tempão para responder. Aprendi a mexer com as carinhas recentemente. Aquelas figurinhas, então? Sem chance. 

Falta jeito, tempo, habilidade. Por isso mesmo, agora, estou apenas em 08 grupos e mal mal dou conta de acompanhar três deles. Graças ao bom Deus, meus amigos são pacientes e compreendem esse meu lado assim ... antissocial na rede.

Você está em quantos grupos?



A cada vez que lemos, conhecemos novas histórias e, consequentemente, novas pessoas. Além disso, somos capazes de descobrir diferentes faces de um mesmo autor, como no livro indicado deste mês, em que o escritor John Green, járeconhecido por suas narrativas emotivas e amada pelos jovens. Agora, porém com sua nova obra, “Tartarugas até lá embaixo”, conhecemos uma nova versão desse narrador tão consagrado contemporaneamente.

Ao iniciar a leitura, conhecemos a perspicaz Aza, uma adolescente de 16 anos, que tem que conviver com seu Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Aza descobre uma pista sobre um desaparecimento famoso na cidade, em que há uma recompensa de 100 mil dólares e, prontamente, pede ajuda à sua melhor amiga, já que possuíam uma amizade antiga com o filho do milionário desaparecido.
 
Além da trama principal, é muito interessante observar a relação de Aza com sua própria personalidade e o controle de sua mente, e de que maneira o TOC influencia na sua convivência com os outros em sua volta. Aos poucos, vamos nos identificando e até nos solidarizando com a personagem. John Green fez uma ótima escolha em colocar características tão fortes em um livro tão tranquilo e cativante.

Gosto mesmo é de estar com os leitores! Não importa a idade, mas quando sou chamado para conversar com a crianças e adolescentes sobre o trabalho do escritor... Hummm!  Faço festa com as palavras, viajo para reinos distantes, embaralho o final das histórias e, claro, ficamos emocionados.


Na biblioteca do Instituto Ramacrisna, que fica na cidade de Betim, não foi diferente. Convido-lhe a ler essa sequência de fotos e a descrever as impressões desse encontro mágico com a literatura.  








Não, filha. Não podemos dizer que liberdade é sinônimo de independência na história do Brasil.

Nunca fomos independentes de Portugal. Aquilo lá foi uma péssima encenação de um moço desmiolado, zoeira com nossa cara.

O Brasil também nunca foi descoberto, mas sobre isso falaremos numa outra hora.

— Então, não tem independência?

— Também não tem liberdade.

—  Cê num tá exagerando, pai?

— Há um monte de poderosos gritando pela nossa prisão. “Venham! Podem levar tudo, inclusive, nossas riquezas, a Amazônia, a educação, a pesquisa, a cultura. Venham acabar de vez com esse povo que país de verdade é ...

— Por que cê tá falando assim?

— Você acha que tenho liberdade para falar e escrever o que quiser? Não posso emitir minha opinião em todos os espaços. Não posso.

— Liberdade de expressão?  


Arte: Danielle Noronha 


No dia 05/06/14 tive um inesquecível encontro com o poeta Libério Neves. Para entender um pouco o motivo da minha alegria, já vou avisando que aguardava por esse momento há 05 anos. Fui professor da sua neta. Em abril de 2009, o escritor me enviou de presente um dos seus títulos, “Voa, palavra”. Mas não vou falar das minhas impressões, nesse primeiro momento. Quero lhe (re)apresentar  um pouco desse grande artista.


Libério Neves despertou seu encanto pela língua portuguesa no curso de Direito da UFMG. Nessa época, apaixonou-se pelos recursos expressivos da escrita, pelo respeito com que os mestres atribuíam à língua pátria.
Encanto e respeito presentes em sua obra, em sua pessoa, em seu presente. Ao conversar um pouco com o poeta, temos a sensação de que estamos ouvindo um grande compositor, pela escolha das palavras, pelo ritmo que conduz os fios da meada.
Embora grande parte da sua obra seja voltada para o público infantil, o seu livro de estreia, “Pedra Solidão” (1965), é para adultos. É dessa obra o seu poema mais conhecido, “Pássaro em vertical”. 
Sobre escrever para crianças e adultos, Libério Neves deixa claro o respeito ao potencial dos seus leitores. Em outras palavras, o poeta não separa muito essas denominações. 
Eu escrevo para a criança que sou. 
E para a criança que sempre serei.”

II. Trabalho de revisor de textos
É bom destacar que Libério Neves atua nessa área há mais de quatro décadas. Ele é, sem sombra de dúvida, um profundo conhecedor da gramática normativa. Trata o texto dos outros escritores com enorme respeito e sinceridade. Sabe de quem ele era considerado o revisor de confiança? Bartolomeu Campos de Queirós. Precisa dizer mais?

III. Os poetas do mestre

Libério Neves trocou correspondências com Affonso Ávila, Carlos Drummond de Andrade, Dantas Motta, Henriqueta Lisboa, José Paulo Paes, Oswaldo França Júnior e Silviano Santiago. Um time de escritores para o mundo inteiro aplaudir. Ao se referir aos seus três poetas prediletos, ele declamou os versos abaixo:


“A HORA QUE
O DRUMMOND JOGA
A CASCA DA BANANA
F         O             R         A
O CABRAL CATA
E FAZ UM POEMA
S           O         B            R       E
A CASCA DA BANANA”
Sentados na sala da Editora Lê, eu ouvia encantado a experiência do senhor Libério. A sua “música verbal” é sedutora por demais. Muitas imagens vinham à minha mente. Séculos e séculos da boa literatura naqueles poucos minutos. Fiquei mais menino, mais leve, tocado pelas palavras do mestre. Confesso que, às vezes, eu mexia no sofá para me certificar se tudo aquilo era de verdade.
Sabe as histórias que a gente ouve de um Drummond com Mário, de uma Clarice com um Lúcio Cardoso? Eu estava ali, no meio de um monte de relatos, com o principal representante do Concretismo em Minas, com o poeta que conviveu com Murilo Rubião e Emílio Moura. Ao lado de um artista que acredita “mais em motivação”. Numa entrevista ao jornalista João Pombo Barile, Libério Neves disse:
“Imagina. Um dia você acorda e diz: hoje estou inspirado, vou escrever um poema. Mas sobre o quê, o que vai te motivar a escrever? Inspirado em quê? A inspiração existe, mas motivação a dirige”.  (BARILE, João Pombo. Suplemento Literário de Minas Gerais, 2010, p.7)
         Nessa “linha de poesia mais sintética, mais descarnada, mais despojada da gordura de adjetivos e coisas assim”, Libério Neves me contou que a composição do livro “Voa, palavra” surgiu a partir de vários passeios ao zoológico de Belo Horizonte, das visitas aos pássaros que realizava com uma de suas filhas.
Na hora do café servido pela equipe da Editora, com direito as maravilhas de Minas, descobri o outro lado do poeta. O "danado", com todo respeito, é muito bom de anedotas. Tinha uma história, um causo para cada assunto. Um astral elevadíssimo. Não tinha como não sorrir. O meu sorriso era assim meio abobado, sabe? Talvez porque o encontro estivesse chegando ao fim.
Abraçamos-nos. Um abraço forte, daquele de vovô, bem apertado. Desci a Rua Januária .........leve, carregando dois livros autografados e com uma enorme alegria. Muito obrigado, Clarisse Bruno, Carminha, Alencar, Everson e todos os funcionários da Lê que promoveram esse inesquecível encontro. Libério Neves, muito obrigado pela prosa e muito sucesso nesse rico universo de prosa e verso.

"Quatro patinhas no muro" veio ao mundo numa linda manhã de sábado, ainda no outono.

Era o dia do aniversário do ilustrador Walter Lara. A loja da Paulinas, na Avenida Afonso Pena, estava em festa: lançamento do décimo livro de Elizete Lisboa!

" Quatro patinhas no muro" conta a história de Lualva, uma criaturinha muito trabalho a, dessas que nos encanta de primeira. 

Lualva é uma vira-lata engraçada, com uma energia daquelas, que deseja subir em tudo, roer um monte móveis.

Lualva é uma cachorrinha levada!

Depois de muito aprontar, Lualva vai enfrentar um grande desafio. Qual? Isso nós não podemos contar.

Cecília, A menina do Baú Vermelho, disse que contar o final não é nada legal ... Legal mesmo vai ser você pegar esse maravilhoso livro e ler a história todinha...

Um grande abraço, 
Menina do Baú Vermelho
Sr. Farelo







Em tempos de crises e momentos ruins, a arte sempre foi fundamental na vida da sociedade e isso não é diferente no mundo literário. Em “O circo mecânico Tresauti” de Genevieve Valentine, o mundo sofre um período intenso, onde cidades e vidas foram dizimadas por uma guerra fervorosa. Na tentativa de minimizar esse cenário surge “O circo Tresauti”, comandado por Boss, que viaja constantemente e por vezes foge do governo. O livro é narrado em várias vozes, e dessa forma podemos ter a visão de muitos personagens.

Inicialmente, temos uma apresentação da história e da narrativa de cada personagem, mostrando a importância que o circo teve na vida de cada um, que sempre foram vistos como os desajustados da sociedade. Com isso, sempre voltamos ao passado de cada um e, aos poucos, conhecemos e nos apegamos aos artistas.

No desenrolar do livro, conhecemos a história do par de asas que está presente na sala de Boss e porque cada personagem gostaria de tê-la. Tudo isso leva o enredo ao sequestro repentino da líder, o que desestabiliza todo aquele lugar.
A história é cercada de pontos importantes e críticos, que servem não só para entreter, mas para que o leitor observe através da distopia um pouco do nosso mundo e dos nossos problemas. Além disso, a obra foi publicada em 2016 e reflete nossos principais dilemas internos contemporâneos.

“O circo mecânico Tresauti” é uma ótima opção para as férias e finais de semana, pois é um livro com uma leitura rápida, que faz com que não nos dê vontade de parar de ler. Sem contar, com a arte feita pela conhecida “DarkSide” que já nos deixa a intenção de querer comprar o livro na primeira ida à livraria.

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