"Quatro patinhas no muro" veio ao mundo numa linda manhã de sábado, ainda no outono.

Era o dia do aniversário do ilustrador Walter Lara. A loja da Paulinas, na Avenida Afonso Pena, estava em festa: lançamento do décimo livro de Elizete Lisboa!

" Quatro patinhas no muro" conta a história de Lualva, uma criaturinha muito trabalho a, dessas que nos encanta de primeira. 

Lualva é uma vira-lata engraçada, com uma energia daquelas, que deseja subir em tudo, roer um monte móveis.

Lualva é uma cachorrinha levada!

Depois de muito aprontar, Lualva vai enfrentar um grande desafio. Qual? Isso nós não podemos contar.

Cecília, A menina do Baú Vermelho, disse que contar o final não é nada legal ... Legal mesmo vai ser você pegar esse maravilhoso livro e ler a história todinha...

Um grande abraço, 
Menina do Baú Vermelho
Sr. Farelo







Em tempos de crises e momentos ruins, a arte sempre foi fundamental na vida da sociedade e isso não é diferente no mundo literário. Em “O circo mecânico Tresauti” de Genevieve Valentine, o mundo sofre um período intenso, onde cidades e vidas foram dizimadas por uma guerra fervorosa. Na tentativa de minimizar esse cenário surge “O circo Tresauti”, comandado por Boss, que viaja constantemente e por vezes foge do governo. O livro é narrado em várias vozes, e dessa forma podemos ter a visão de muitos personagens.

Inicialmente, temos uma apresentação da história e da narrativa de cada personagem, mostrando a importância que o circo teve na vida de cada um, que sempre foram vistos como os desajustados da sociedade. Com isso, sempre voltamos ao passado de cada um e, aos poucos, conhecemos e nos apegamos aos artistas.

No desenrolar do livro, conhecemos a história do par de asas que está presente na sala de Boss e porque cada personagem gostaria de tê-la. Tudo isso leva o enredo ao sequestro repentino da líder, o que desestabiliza todo aquele lugar.
A história é cercada de pontos importantes e críticos, que servem não só para entreter, mas para que o leitor observe através da distopia um pouco do nosso mundo e dos nossos problemas. Além disso, a obra foi publicada em 2016 e reflete nossos principais dilemas internos contemporâneos.

“O circo mecânico Tresauti” é uma ótima opção para as férias e finais de semana, pois é um livro com uma leitura rápida, que faz com que não nos dê vontade de parar de ler. Sem contar, com a arte feita pela conhecida “DarkSide” que já nos deixa a intenção de querer comprar o livro na primeira ida à livraria.

Receber uma obra com a dedicatória/autógrafo do escritor é uma experiência que me enche de alegria. Eis uma das felicidades no universo da literatura!
Nessa semana recebi A neta de Anita. Assim que o carteiro deixou o envelope, Cecília ficou curiosa.

– É um livro que ganhei, filha.

– Posso abrir? Quando você vai ler? Será que é um livro de poemas?

– Vamos com calma. No momento estou muito apertado com as provas pra corrigir. (Coisas da vida de professor ...rs) 

– Mas, pai, não custa nada você parar um pouquinho e...

– Amanhã à tarde, depois do colégio, você abre o envelope. Eu leio o livro em voz alta. O que acha?

E foi assim que aconteceu.

A garota do Baú Vermelho ficou tão encantada com a história que saiu da cadeira para dividir o assento no sofá, quase no meu colo. Fez questão de percorrer  as páginas, encantando-se ora com a protagonista,  ora com as ilustrações. Mergulhamos na narrativa.

Para o escritor Anderson de Oliveira, confesso que a maior alegria de um professor de Literatura foi quando, assim do nada, de modo espontâneo, a Cecília disse:

– Uai, pai, parece que é um poema! Tem rima em algumas palavras...

Cecília descobriu que sua prosa é poética, meu amigo. Quer presente maior do que esse?

Para o ilustrador  Alexandre Rampazo, relato que o “Sol muito intenso” despertou, na pequena leitora, um outro olhar para a neta da Anita. Na verdade, foi a partir dessa imagem que minha filha passou a tocar, a sentir de forma mais intensa as cores da narrativa.

Aproveito para parabenizar ao Anderson de Oliveira, ao ilustrador  Alexandre Rampazo, a todos os profissionais da Mazza Edições!


"Ao ler este livro, você caminhará ao lado de uma criança bela, corajosa e sensível, fortalecida por sua ancestralidade, mas que também vivencia o racismo e a discriminação. Situações fortes e presentes na infância, esses desafios são identificados pela neta de Anita – filha do Sol – e, de maneira delicada, mas com o vigor necessário, serão enfrentados por meio da cumplicidade e do conhecimento." 
 - Mara Evaristo
 Detalhes:
22º título: A neta de Anita
Autor: Anderson de Oliveira
Ilustrador: Alexandre Rampazo

Editora: Mazza 

Em um dia propício, dois jovens que se conhecem, porém não eram amigos, se encontram na torre do sino da escola, com a mesma intenção: tirar a própria vida.

Violet é a garota mais popular do colégio vive uma vida dos sonhos, mas sofre com a perda recente de sua irmã.

Finch é um garoto invisível no colégio, conhecido apenas por suas diferentes formas de se vestir caracterizado. 

Os dois sentem uma conexão única. E através de um desafio feito pela professora de geografia, eles têm o objetivo de percorrerem os lugares mais incríveis do local onde moram. Isso faz com que os dois se aproximem intensamente, descobrindo que nem o amor é capaz de combater os sentimentos obscuros dentro de cada um. 


“Por lugares Incríveis” é um livro de 2015, entretanto, é extremamente atual a maneira como lida com todos os problemas dos jovens da atualidade; de modo que quem lê não se sente como um leitor e sim um dos personagens da história.

O livro foi a primeira publicação da autora Jenifer Niven e há uma possível adaptação cinematográfica para os próximos anos. Além disso, ele deveria ser lido por todos os adolescentes que amam esse tipo de literatura. 


Há tímido por toda parte. O sofrimento deles é representado de inúmeras formas. Em algumas situações, da infância à velhice.

– Filha, o senhor Wanderley está lhe cumprimentando. Você não vai dar um bom dia?

Nem boa tarde. Muito menos uma boa noite. Meio desajeitada, a garota levantava a cabeça e olhava para o porteiro da escola. Levou quase dois anos para lhe dirigir a palavra. Motivo? Timidez.

O tímido tem dificuldade para pertencer a quaisquer grupos. Eles encharcam as camisas, transformam as mãos em fontes trêmulas de suor, quando vão apresentar um trabalho na escola ou na empresa.

Ao receber um elogio sincero, ele rapidamente tem na sua face o mais vermelho dos vermelhos. Conhece alguém assim?

Por vias da circunstância, o tímido é o espelho da insegurança. Basta uma dupla se afastar para uma conversa em particular sobre qualquer coisa, o tímido pensar ser o assunto de tal prosa.

Luis Fernando Veríssimo, um dos maiores cronistas do Brasil, sempre demonstrou timidez nas entrevistas.

Clarice Lispector declarou algumas vezes que era uma “tímida ousada”! É possível imaginar isso de uma das musas da literatura?

E como seria o encontro de dois tímidos? Um desastre para ambos. Travam-se.

Contaram-me certa vez que Mia Couto, escritor moçambicano, em viagem ao Brasil, encontrou nos corredores da editora Companhia das Letras com o cantor e compositor Chico Buarque. Disseram-me que foi uma sucessão de tentativas, vários ensaios. Nenhum conseguiu render assunto. Muito sem jeito, tudo ficou em um “oi”.

O tímido sofre para fazer uma ligação telefônica e resolver assuntos aparentemente banais.   
Desconfio que a sensibilidade advenha das observações que regem seu “estar no mundo”.

Desconfio que a decisão de um tímido é mais sábia do que de uma “pessoa saidinha.” Antes das ações, ele tece possibilidades, reflexões.

Desconfio que há um tímido lendo as impressões deste cronista intrometido, mas que jamais vai me procurar para dizer que não é nada disso, que estou equivocado.

O tímido precisa de um tempo maior, diferenciado. Um tempo para aproximar. Ele é acanhado.

“Por conta da timidez, aprendi a beijar com os olhos”

Está lembrado do início desta crônica? Sabe aquela garota que gastou o maior tempão para cumprimentar o porteiro?

Em uma manhã dessas aí, ela despediu do pai, sacou a grana do lanche no bolso da mochila e saiu em disparada rumo à cantina da escola. Lá comprou a merenda sozinha. Voltou toda contente para a fila. SOZINHA. 

Comprar um lanche pode parecer a ação mais simples do mundo, mas para uma criança tímida, isso é sinônimo de grande conquista.

Talvez a garota não saiba, mas aquele foi um dos dias mais felizes para seu pai e sua mãe (essa também é muito tímida).

E depois daquela cena majestosa, fui motivado a escrever esta crônica com o intuito de propor aos extrovertidos a ideia de que um dia toda timidez será elogiada.

Você  já admirou um tímido hoje?   


Imagem disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/como-ajudar-adolescente-lidar-timidez-743074.shtml

Em um futuro distante, conhecemos June, uma garota exemplar, que acaba de conseguir a nota mais alta em uma prova que decide o seu futuro, que junto com suas habilidades militares, já é praticamente certo: ser a defensora da república.

No outro lado da Los Angeles de 2130, temos Day, conhecido por ser o criminoso mais procurado da cidade, que jura acabar com todo o sistema construído pelos republicanos. Era esperado que o caminho dos dois jovens nunca se cruzasse, porém, a morte do irmão de June, faz com que toda a culpa caia em cima de Day, fazendo com que June queira de todas as forças fazer justiça em nome do irmão. 

O livro se trata de uma distopia, escrita por Marie Lu, que retrata um futuro em que a América do Norte se encontra completamente em guerra, causada pela república a colônias existentes. O lugar está completamente destruído, pragas preocupam a sociedade e forçam a colocar as cidades em quarentena. Além disso, a distribuição de renda e classes sociais são absurdamente desiguais.  

A história é contada em 1º pessoa, alternando as visões dos dois personagens principais, o que torna tudo mais interessante para quem lê, pois tem uma versão de ambos os lados e podemos acompanhar a evolução de cada personagem da trama.

Legend” é o primeiro livro da trilogia escrita pela autora, seguidos por “Prodigy” e “Champion”. no Brasil, o livro ainda não é tão conhecido, porém, no exterior fez tanto sucesso, que uma adaptação para o cinema já vem sendo gravada, prometendo um sucesso no nível de “Jogos Vorazes”.

Boa leitura!

Abraços,
Emanuelle Silva  


Dan sempre foi um jovem da paz, um dos camaradas mais respeitados da nossa quebrada. Menino prestativo, “brother responsa”. É do tipo mano cerol: “quando é para somar forças, o cara cola com a gente nas paradas”, afirmam seus colegas.

Por se envolver com muito goró, o pai de Dan recebeu uma passagem definitiva de São Pedro logo cedo. Com isso, Dan e Suellen, sua irmã caçula, nunca tocaram em copos com álcool. Eles cuidam dos amigos que dão pt (perda total) nos bailinhos do fim de semana. 

— Dan, nunca te vi bravo – comentou certa vez minha companheira.      

— Só fiquei uma vez. E se o Farelo souber como tudo rolou, ah, vai me colocar na crônica da semana.

— Pode ficar à vontade, mano. A crônica é sua!

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Estava tranquilo, de boa na minha casa. O telefone tocou e era minha mãe chorando. 

— Já liguei pra polícia, o cafajeste já me deu dois socos nas costas, tá doendo demais, parece que o ordinário tá com o demônio. Como moro pertinho de sua casa, me socorre, filho, pelo amor de Deus!

— O Moisés tá alterado?

Pedi que ela num esquentasse não, era pra ficar trancada no quarto, que logo, logo eu ia tirar os demônios do corpo do senhor Moisés, o emplasto que minha rainha colocou dentro de casa e com ele teve mais um fiote. Aonde ela tava com a cabeça arrumar um traste daqueles? Mais cedo ou mais tarde aquele filho da puta ia agredir minha rainha. Dito e feito. O sangue foi todo pra cara, passei a mão num facão enorme e já fui espalhando meu ódio pro lote inteiro ouvir. Os moradores dos outros barracões colocaram a cabeça pra fora. Ê povo que gosta de ver as cores do inferno alheio, viu?

– Cê num é muito homi, Moisés?

– Não, Dan. Não foi nada. Foi só uma discussão entre...

– Abre esse portão que cê vai conhecê homi de verdade, seu vagabundo.

Minha rainha tava chorando no quarto, dava pra ouvir. Moisés com a fala mansa  tentando colocar pano quente na violência. Nisso, gente, o carro da polícia piou no final da rua. Joguei o facão pro lado pra não dá bandeira e fui atiçando pra perto do portão o valentão.

Do nada, gente, Moisés abre o portão assoviando, todo engomadinho, de terno e gravata, como se nada tivesse acontecido. Sai o Moisés com a Bíblia debaixo do braço direito, dizendo que ia ao culto, era dia de adorar ao Senhor.

— É aqui que mora o senhor Moisés Soares?

— Sim. É esse moço bem vestido, aqui, seu policial. Pode levar. Bem que ele podia ficar na cadeia por uns bons tempos.

O senhor Moisés não sabe até hoje que a polícia foi quem o salvou naquele meu dia de ódio. Mas se encostar um dedo na minha rainha, gente do céu, num vai tê conversa. Vou liquidar de vez ...

Dan pediu um copo d’água, depois de relembrar esse seu dia de fúria. Mais calmo, ouviu da minha companheira:

— O mundo precisa de mais Dans!      

... farelos por aí ... 

Crédito da imagem: https://veja.abril.com.br/entretenimento/periferia-invade-as-telas-com-na-quebrada/


– E aí, o que tá achando do livro?

– Bom. Mas não chega aos pés daqueles que li na semana passada.

– Agora cê virou crítica de livros?

– Não, pai. Só indico livros que eu gosto no Baú Vermelho.

Essa menina está cada dia mais atrevida  mesmo. Me xingou todo só porque não fiz um posta na semana passada. Então, nessa semana vai ser dose dupla.
A Menina do Baú Vermelho contou para todos da família “A verdadeira história dos Três Porquinhos”. Segundo minha esposa, enquanto ela lia a história em voz alta no seu quarto, também soltava umas gargalhadas.

– O irado desse livro, pai, é que o Lobo é quem conta a história. Ele é muito engraçado. Tem mais: os Três Porquinhos não passam de uns bobocas. 

Mais uma criança que se apaixona pela figura do Lobo. Como se não bastasse a caçula.

– O pessoal tem que saber também que o Lobo dessa história não sopra casa nem nada, ele apenas solta uns espirros altões...

E outro livro?

Cheguei da feira e encontrei A Menina se divertindo com esse livro:

– Como assim Chapeuzinho Vermelho conversando com o Saci. Cê tá ficando doida?  

– Ele se conheceram nos livros e depois ficavam só trocando mensagens por e-mail.

– Mas aí o que acontece depois?

— Ah, pai? Eu não posso contar. Peça pro pessoal pra adquirir esse e o outro livro. Eu peguei esse livro na biblioteca da escola. O outro peguei no meio dos livros do Projeto.


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