Em um dia propício, dois jovens que se conhecem, porém não eram amigos, se encontram na torre do sino da escola, com a mesma intenção: tirar a própria vida.

Violet é a garota mais popular do colégio vive uma vida dos sonhos, mas sofre com a perda recente de sua irmã.

Finch é um garoto invisível no colégio, conhecido apenas por suas diferentes formas de se vestir caracterizado. 

Os dois sentem uma conexão única. E através de um desafio feito pela professora de geografia, eles têm o objetivo de percorrerem os lugares mais incríveis do local onde moram. Isso faz com que os dois se aproximem intensamente, descobrindo que nem o amor é capaz de combater os sentimentos obscuros dentro de cada um. 


“Por lugares Incríveis” é um livro de 2015, entretanto, é extremamente atual a maneira como lida com todos os problemas dos jovens da atualidade; de modo que quem lê não se sente como um leitor e sim um dos personagens da história.

O livro foi a primeira publicação da autora Jenifer Niven e há uma possível adaptação cinematográfica para os próximos anos. Além disso, ele deveria ser lido por todos os adolescentes que amam esse tipo de literatura. 


Há tímido por toda parte. O sofrimento deles é representado de inúmeras formas. Em algumas situações, da infância à velhice.

– Filha, o senhor Wanderley está lhe cumprimentando. Você não vai dar um bom dia?

Nem boa tarde. Muito menos uma boa noite. Meio desajeitada, a garota levantava a cabeça e olhava para o porteiro da escola. Levou quase dois anos para lhe dirigir a palavra. Motivo? Timidez.

O tímido tem dificuldade para pertencer a quaisquer grupos. Eles encharcam as camisas, transformam as mãos em fontes trêmulas de suor, quando vão apresentar um trabalho na escola ou na empresa.

Ao receber um elogio sincero, ele rapidamente tem na sua face o mais vermelho dos vermelhos. Conhece alguém assim?

Por vias da circunstância, o tímido é o espelho da insegurança. Basta uma dupla se afastar para uma conversa em particular sobre qualquer coisa, o tímido pensar ser o assunto de tal prosa.

Luis Fernando Veríssimo, um dos maiores cronistas do Brasil, sempre demonstrou timidez nas entrevistas.

Clarice Lispector declarou algumas vezes que era uma “tímida ousada”! É possível imaginar isso de uma das musas da literatura?

E como seria o encontro de dois tímidos? Um desastre para ambos. Travam-se.

Contaram-me certa vez que Mia Couto, escritor moçambicano, em viagem ao Brasil, encontrou nos corredores da editora Companhia das Letras com o cantor e compositor Chico Buarque. Disseram-me que foi uma sucessão de tentativas, vários ensaios. Nenhum conseguiu render assunto. Muito sem jeito, tudo ficou em um “oi”.

O tímido sofre para fazer uma ligação telefônica e resolver assuntos aparentemente banais.   
Desconfio que a sensibilidade advenha das observações que regem seu “estar no mundo”.

Desconfio que a decisão de um tímido é mais sábia do que de uma “pessoa saidinha.” Antes das ações, ele tece possibilidades, reflexões.

Desconfio que há um tímido lendo as impressões deste cronista intrometido, mas que jamais vai me procurar para dizer que não é nada disso, que estou equivocado.

O tímido precisa de um tempo maior, diferenciado. Um tempo para aproximar. Ele é acanhado.

“Por conta da timidez, aprendi a beijar com os olhos”

Está lembrado do início desta crônica? Sabe aquela garota que gastou o maior tempão para cumprimentar o porteiro?

Em uma manhã dessas aí, ela despediu do pai, sacou a grana do lanche no bolso da mochila e saiu em disparada rumo à cantina da escola. Lá comprou a merenda sozinha. Voltou toda contente para a fila. SOZINHA. 

Comprar um lanche pode parecer a ação mais simples do mundo, mas para uma criança tímida, isso é sinônimo de grande conquista.

Talvez a garota não saiba, mas aquele foi um dos dias mais felizes para seu pai e sua mãe (essa também é muito tímida).

E depois daquela cena majestosa, fui motivado a escrever esta crônica com o intuito de propor aos extrovertidos a ideia de que um dia toda timidez será elogiada.

Você  já admirou um tímido hoje?   


Imagem disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/como-ajudar-adolescente-lidar-timidez-743074.shtml

Em um futuro distante, conhecemos June, uma garota exemplar, que acaba de conseguir a nota mais alta em uma prova que decide o seu futuro, que junto com suas habilidades militares, já é praticamente certo: ser a defensora da república.

No outro lado da Los Angeles de 2130, temos Day, conhecido por ser o criminoso mais procurado da cidade, que jura acabar com todo o sistema construído pelos republicanos. Era esperado que o caminho dos dois jovens nunca se cruzasse, porém, a morte do irmão de June, faz com que toda a culpa caia em cima de Day, fazendo com que June queira de todas as forças fazer justiça em nome do irmão. 

O livro se trata de uma distopia, escrita por Marie Lu, que retrata um futuro em que a América do Norte se encontra completamente em guerra, causada pela república a colônias existentes. O lugar está completamente destruído, pragas preocupam a sociedade e forçam a colocar as cidades em quarentena. Além disso, a distribuição de renda e classes sociais são absurdamente desiguais.  

A história é contada em 1º pessoa, alternando as visões dos dois personagens principais, o que torna tudo mais interessante para quem lê, pois tem uma versão de ambos os lados e podemos acompanhar a evolução de cada personagem da trama.

Legend” é o primeiro livro da trilogia escrita pela autora, seguidos por “Prodigy” e “Champion”. no Brasil, o livro ainda não é tão conhecido, porém, no exterior fez tanto sucesso, que uma adaptação para o cinema já vem sendo gravada, prometendo um sucesso no nível de “Jogos Vorazes”.

Boa leitura!

Abraços,
Emanuelle Silva  


Dan sempre foi um jovem da paz, um dos camaradas mais respeitados da nossa quebrada. Menino prestativo, “brother responsa”. É do tipo mano cerol: “quando é para somar forças, o cara cola com a gente nas paradas”, afirmam seus colegas.

Por se envolver com muito goró, o pai de Dan recebeu uma passagem definitiva de São Pedro logo cedo. Com isso, Dan e Suellen, sua irmã caçula, nunca tocaram em copos com álcool. Eles cuidam dos amigos que dão pt (perda total) nos bailinhos do fim de semana. 

— Dan, nunca te vi bravo – comentou certa vez minha companheira.      

— Só fiquei uma vez. E se o Farelo souber como tudo rolou, ah, vai me colocar na crônica da semana.

— Pode ficar à vontade, mano. A crônica é sua!

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Estava tranquilo, de boa na minha casa. O telefone tocou e era minha mãe chorando. 

— Já liguei pra polícia, o cafajeste já me deu dois socos nas costas, tá doendo demais, parece que o ordinário tá com o demônio. Como moro pertinho de sua casa, me socorre, filho, pelo amor de Deus!

— O Moisés tá alterado?

Pedi que ela num esquentasse não, era pra ficar trancada no quarto, que logo, logo eu ia tirar os demônios do corpo do senhor Moisés, o emplasto que minha rainha colocou dentro de casa e com ele teve mais um fiote. Aonde ela tava com a cabeça arrumar um traste daqueles? Mais cedo ou mais tarde aquele filho da puta ia agredir minha rainha. Dito e feito. O sangue foi todo pra cara, passei a mão num facão enorme e já fui espalhando meu ódio pro lote inteiro ouvir. Os moradores dos outros barracões colocaram a cabeça pra fora. Ê povo que gosta de ver as cores do inferno alheio, viu?

– Cê num é muito homi, Moisés?

– Não, Dan. Não foi nada. Foi só uma discussão entre...

– Abre esse portão que cê vai conhecê homi de verdade, seu vagabundo.

Minha rainha tava chorando no quarto, dava pra ouvir. Moisés com a fala mansa  tentando colocar pano quente na violência. Nisso, gente, o carro da polícia piou no final da rua. Joguei o facão pro lado pra não dá bandeira e fui atiçando pra perto do portão o valentão.

Do nada, gente, Moisés abre o portão assoviando, todo engomadinho, de terno e gravata, como se nada tivesse acontecido. Sai o Moisés com a Bíblia debaixo do braço direito, dizendo que ia ao culto, era dia de adorar ao Senhor.

— É aqui que mora o senhor Moisés Soares?

— Sim. É esse moço bem vestido, aqui, seu policial. Pode levar. Bem que ele podia ficar na cadeia por uns bons tempos.

O senhor Moisés não sabe até hoje que a polícia foi quem o salvou naquele meu dia de ódio. Mas se encostar um dedo na minha rainha, gente do céu, num vai tê conversa. Vou liquidar de vez ...

Dan pediu um copo d’água, depois de relembrar esse seu dia de fúria. Mais calmo, ouviu da minha companheira:

— O mundo precisa de mais Dans!      

... farelos por aí ... 

Crédito da imagem: https://veja.abril.com.br/entretenimento/periferia-invade-as-telas-com-na-quebrada/


– E aí, o que tá achando do livro?

– Bom. Mas não chega aos pés daqueles que li na semana passada.

– Agora cê virou crítica de livros?

– Não, pai. Só indico livros que eu gosto no Baú Vermelho.

Essa menina está cada dia mais atrevida  mesmo. Me xingou todo só porque não fiz um posta na semana passada. Então, nessa semana vai ser dose dupla.
A Menina do Baú Vermelho contou para todos da família “A verdadeira história dos Três Porquinhos”. Segundo minha esposa, enquanto ela lia a história em voz alta no seu quarto, também soltava umas gargalhadas.

– O irado desse livro, pai, é que o Lobo é quem conta a história. Ele é muito engraçado. Tem mais: os Três Porquinhos não passam de uns bobocas. 

Mais uma criança que se apaixona pela figura do Lobo. Como se não bastasse a caçula.

– O pessoal tem que saber também que o Lobo dessa história não sopra casa nem nada, ele apenas solta uns espirros altões...

E outro livro?

Cheguei da feira e encontrei A Menina se divertindo com esse livro:

– Como assim Chapeuzinho Vermelho conversando com o Saci. Cê tá ficando doida?  

– Ele se conheceram nos livros e depois ficavam só trocando mensagens por e-mail.

– Mas aí o que acontece depois?

— Ah, pai? Eu não posso contar. Peça pro pessoal pra adquirir esse e o outro livro. Eu peguei esse livro na biblioteca da escola. O outro peguei no meio dos livros do Projeto.




Há tempos eu não passava doze horas com uma pessoa tão singular.

— Deixa de ser generoso, homem.  

— Nossa, pai, assim não dá. Com mentiras logo cedo?

— O que os leitores vão pensar de você? Rasga a verbo, sô. Conte a verdade.

Não tem jeito. Vou mandar real, tá ligado? (É assim que a rapaziada conversa comigo).

A mulher do Getúlio parece uma gatinha que caiu do caminhão de mudanças. Nunca vi ser tão vazio. Não se identifica com nenhum outro animal, no caso, ser humano.

A mulher do Getúlio se acha a tal. Assim que se sentou na nossa frente, ouviu as conversas atravessadas, as curiosidades da Clarice: “Ah, não suporto criança. Ainda bem que não sofri desse mal. Criança é só pra acabar com o corpo da gente, amor. Eu ia ficar toda feia. Que nada!” 

A mulher do Getúlio pensa que é rica. Ela achou um absurdo ter que viajar num busão cheio. Só faltava gritar pra todo mundo: “Eu odeio pobre!”

A mulher do Getúlio reclamava do ar condicionado, dos banheiros das paradas. Nessas horas até o Getúlio alfinetava: “Você que não viu o banheiro dos homens”. Não, do preço das coisas a mulher não reclamava, só da qualidade.

A mulher do Getúlio gosta mesmo é de gastar. Vontade dela era ter fretado um avião particular e ter sumido do Brasil. Porque, minha gente, a mulher do Getúlio não sabe nada desse país.

— Essa mulher deve ter nascido no Quinto dos Infernos.

— Ouvi dizer que nem lá os diabretes deram conta das exigências dessa figura.

A mulher do Getúlio é loira. Naquela noite usava batom rosa gritante, estava com uma maquiagem extravagante. Segundo minha filha mais velha, parecia que até os cílios da mulher do Getúlio queriam deixá-la para trás.

Graças ao Deus da Paciência, (como todos queriam estar com fone de ouvido naquele carro!) tivemos a sorte de descer um ponto antes do casal; mas todos devem ter concluído a mesma sentença: como que o Getúlio aguenta? 

Que nenhum leitor tenha a experiência de viajar com a mulher do Getúlio.

... farelos por aí...

Crédito da imagem: https://www.estrelando.com.br/foto/2017/06/01/os-15-personagens-mais-odiados-do-mundo-das-series-194606/foto-5

Devo ter alguma espécie de ímã que atrai bêbados, loucos, estranhos e desajeitados para uma conversa. Tenho certo orgulho disso, mas nem toda hora, assim de bobeira, gosto de levar uma “batida policial”.

No trampo de “vassourinha” (aquele jovem que limpa as mesas, durante os bailes) o convidado passava a festa, no seu canto, calado. Já no final vinha puxar conversa comigo. Claro, o chef puxava minha orelha. “Nada de papo, viu?”

Desde os tempos de camelô, quando voltava pro barraco; era entrar um policial no busão e já pedia para levantar os braços.

Ah, por falar em policial, passei um aperto daqueles, esses dias.  

— Gente do céu! Foi isso mesmo que eu ouvi?

A senhora não pediu licença para seus colegas de trabalho. Foi falando, antes de se levantar. Caminhou em direção a nossa mesa. A lanchonete inteira parou pra ver no que ia dar.

— Quem é quem aqui?

Que abordagem! Fiquei pálido. Minha esposa controlou a situação. Sorte minha ser casado com uma atriz.

— Está tudo bem. Fique calmo. Não é com você dessa vez.

Ufa! A policial nem olhou pra mim. Ela se entendeu lá com minha esposa.

— Que meninas lindas! Quem é a Clarice? Quem é a Cecília?

Pronto! Agora minhas filhas também estão enroladas. Que sina?! Só pensei. Até tinha me esquecido das associações com a Meireles e a Lispector. Pai bobo.

— Você trabalha com literatura? É das Letras?

— Meu esposo que é...

A policial, muito simpática, pediu desculpas pela abordagem, por incomodar nosso lanche, por chamar atenção de todos ali presentes. A moça se apresentou. Falou com entusiasmo da graduação em Letras, do mestrado que está fazendo na área de Linguística. E falamos de um monte de coisas, menos do capitão. Do capitão não. Graças a Deus que nem entrou no assunto. Só no pensamento.

A policial se despediu, depois de ter passado aquele susto tremendo nesse bobo que vos escreve. 

— Eh, papai! Cê ficou com medo da policial?!

Criança não perdoa mesmo. E o povo da lanchonete riu muito. Eu não sabia onde enfiar a cara.

... farelos por aí ...


Crédito da imagem: https://br.fotolia.com/tag/%22fundo%20verde%22

Olá! A Menina do Baú Vermelho aprontou na manhã da última sexta.

Bem cedinho, enquanto preparávamos para sair para a escola, ela passou a mão em um livro novinho. Com muito cuidado, acomodou o tesouro em sua mochila.    

Não falei nada. Só a observei, sem dar bandeira. “Vamos ver no que isso vai dar”, pensei lá com meus botões, entre uma ação e outra da manhã.

Durante o recreio ela leu o livro todinho. Na volta pra casa, a moleca nos surpreendeu mais uma vez.

— Pai, quero que você indique esse livro no Baú Vermelho!

Mas a biblioteca da escola está passando por uma reforma. Onde você conseguiu um livro?

— É esse aqui! Peguei no meio daqueles que a Carminha, da editora Lê, mandou pra Clarice.
Ela abriu a mochila e nos mostrou com detalhes a obra “A Ovelha Negra”, de Bernardo Aibê. Cintos afivelados. Liguei o carro e partimos.  Dessa vez eu e a caçula assumimos o lugar de ouvintes. A Menina do Baú Vermelho foi quem contou todo o enredo do livro. Ainda por cima explicitou a lição que aprendeu com o livro. É mole?

Cecília está com a intenção de ler e indicar um título por semana aqui no blog. O que vocês acham dessa iniciativa?

A partir de agora  ela ficará responsável por tirar e editar as fotos, assim como procedeu dessa vez.
Segundo Cecília, ser a ovelha negra tem lá suas vantagens, inclusive a de ser feliz. Como assim? Ah, para saber é preciso ler o livro.
"Tita era uma ovelha diferente... Ela queria ser igual às suas amigas. Queria, mas não era... Tudo para ela se tornava mais difícil. Até amar era complicado. De nada adiantavam os carinhos e a atenção das outras ovelhas. Será que ser igual a todo mundo é tão bom assim?"

Um forte abraço!
Até breve!

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