Na próxima
encarnação, João,
se Deus me
conceder tamanha graça,
eu quero
me casar contigo.
E, se, em
vez de progredires, regredires
- o que é
pouco provável –
eu
concordarei, lá em cima, na hora dos acertos,
em ser uma
mulherzinha, Maria,
Mariazinha,
dessas que
a intelectualidade atual
considera
psicossocialmente medíocres.
A ponto
de,
se lá um
dia chegares tonto em casa,
tirar teus
sapatos
beijar-te
os pés
lavar-te o
corpo
e dar-te
de beber café amargo.
E eu, que
hoje nada entendo de cozinha,
concordo
em ser maestrina de gastronomia:
passarei a
vida toda
a criar
nossos filhos (eu quero cinco)
e a
preparar pratos gostosos.
Talvez até
escreva um livro de receitas
em prol de
alguma instituição de caridade.
Mas, na
dedicatória, eu garanto:
Ao meu
querido João
a quem
desejo alimentar
por toda
minha vida
de corpo e
alma.
SILVA, Dilma Souza. Balada do amor infinito e outros poemas.
Belo Horizonte: Asa de Papel, 2014. p. 20-21.
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